'Presépio pantaneiro' de Denilson Pinto celebra fé e identidade regional em exposição no MIS
Obra feita em argila exibe a fauna, a flora e os símbolos do Pantanal na releitura do nascimento de Cristo; artista é destaque no artesanato de MS
ARTEA fé, a cultura regional e a beleza natural do Pantanal ganham forma na argila pelas mãos do artesão Denilson Pinto de Oliveira. Nascido em Corumbá (MS) em 1974, Denilson é o criador do Presépio Pantaneiro, uma obra que mistura tradição cristã e identidade sul-mato-grossense, em exposição permanente no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado no centro de Campo Grande.
Feito inteiramente em argila, o presépio é uma releitura do nascimento de Jesus Cristo, mas inserido no contexto pantaneiro. As figuras bíblicas são representadas por personagens regionais, como o São Francisco Pantaneiro, e animais típicos da fauna local — como tuiuiús, jacarés e onças — substituem os tradicionais bois e ovelhas da narrativa cristã. A vegetação também remete às paisagens que compõem o bioma pantaneiro, dando à obra uma autenticidade singular.
Denilson Pinto teve seu primeiro contato com o artesanato ainda adolescente, aos 13 anos, durante visitas frequentes à Casa do Artesão de Corumbá. Movido pela curiosidade em relação à cerâmica, acabou conhecendo a Associação Massa Barro, onde deu início à sua trajetória artística.
A primeira peça criada foi justamente uma versão local de São Francisco, o que marcaria para sempre seu estilo: uma fusão entre religiosidade e cultura regional. A partir daí, Denilson seguiu se aperfeiçoando e desenvolvendo seu trabalho com foco na valorização da identidade pantaneira.
Hoje, com mais de três décadas de carreira, ele também atua como instrutor de técnicas artesanais, compartilhando seu saber com novas gerações. Sua expertise o levou a representar o Mato Grosso do Sul no Salão de Turismo de São Paulo, com o título de Mestre Artesão do Saber Fazer e Viaturas — uma chancela que reconhece sua contribuição à cultura brasileira.
O Presépio Pantaneiro integra a mostra permanente do Museu da Imagem e do Som (MIS), unidade da Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul. Com a missão de “preservar a memória, educar para o futuro”, o MIS é responsável por um acervo com mais de 108 mil itens, entre fotografias, filmes, vídeos, cartazes, discos de vinil, objetos e registros sonoros.
Além das exposições, o MIS desenvolve ações educativas e culturais voltadas à valorização da memória visual e sonora do estado. Projetos como Amplificadores de Cultura, Cultura em Situação, Cinema no Museu e diversas exposições temporárias oferecem ao público uma programação rica e acessível.
De acordo com a direção do museu, a obra de Denilson Pinto representa não apenas o talento do artesão, mas também a potência simbólica do Pantanal como patrimônio cultural. “Nosso objetivo é aproximar a população de sua história e identidade por meio da arte. O presépio é uma síntese poética do nosso modo de viver e crer”, afirma a curadoria.
A visita ao Presépio Pantaneiro pode ser feita de segunda a sábado, nos seguintes horários: das 7h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira, e das 8h às 18h aos sábados. A entrada é gratuita. O Museu da Imagem e do Som está localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 559, 3º andar, no centro de Campo Grande (MS).