'Tráfico formiguinha' agrava insegurança no centro de Campo Grande e motiva operação policial
Ação da Polícia Civil com apoio da Guarda Municipal e PRF visa combater pontos de venda de drogas e reduzir assédio, furtos e violência em área com forte presença de usuários
CAPITALUma operação conjunta entre a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), Guarda Civil Metropolitana e Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi realizada nesta quinta-feira (30), no centro de Campo Grande, com foco no combate ao tráfico de drogas em pequena escala, o chamado “tráfico formiguinha”. A ação ocorreu nas proximidades do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) e foi motivada por denúncias de moradores e comerciantes sobre aumento da violência, assédio sexual e furtos.
Segundo o delegado titular da Denar, Hoffman D’Ávila, o local vinha sendo monitorado há semanas após relatos de que a área havia se tornado um ponto constante de aglomeração de usuários de drogas e suspeitos de comercialização de entorpecentes. “Identificamos que, além de pessoas em situação de vulnerabilidade, havia indivíduos infiltrados praticando o tráfico doméstico, escondendo pequenas porções de drogas em bueiros, calçadas e até em árvores”, afirmou.
A operação, realizada logo no início da manhã, contou com abordagens a cerca de 70 pessoas. Duas foram conduzidas à delegacia um homem com tornozeleira eletrônica e antecedentes por tráfico e roubo, que estava com dinheiro sem origem comprovada, e uma imigrante venezuelana portando uma porção de maconha. Ambos foram liberados após os procedimentos de praxe.
A região do Centro Pop, voltada ao acolhimento de pessoas em situação de rua, vinha sendo alvo de preocupação das autoridades. “A situação chegou a um ponto em que funcionárias da Superintendência da PRF, que fica na mesma rua, pediram socorro. Elas estavam sendo assediadas, não conseguiam sair do trabalho com segurança. Isso não é só problema social, é de segurança pública também”, destacou o delegado.
Durante a ação, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) também atuou no recolhimento de colchões, papelões, garrafas e outros materiais acumulados na região. Facas, pedaços de pau e objetos cortantes foram apreendidos no local.
“A ideia não é criminalizar a pobreza, mas combater os crimes. O tráfico de drogas, mesmo em pequena escala, fomenta outros delitos. As pessoas estavam usando drogas e consumindo álcool em frente às casas, causando medo e insegurança”, afirmou D’Ávila. Ele reforçou que o direito de ir e vir foi respeitado durante toda a operação.
Outro ponto destacado pelo delegado foi o uso distorcido do Centro Pop, que oferece alimentação, apoio psicológico e médico a pessoas em situação de rua. “O serviço existe para acolher, mas não pode ser usado como ponto de apoio ao crime”, disse.
A operação também teve caráter educativo. “Conversamos com as pessoas, orientamos para que não permaneçam ali aglomeradas, praticando delitos e usando drogas nas calçadas. A presença do Estado é essencial para proteger os moradores, os comerciantes e a cidade como um todo”, ressaltou o delegado.
O comandante da Guarda Civil Metropolitana, Alexandre Pedroso, reforçou a importância da integração entre as forças de segurança. “Quando a população deixa de circular por uma rua por medo, é sinal de que o Estado falhou. Essas ações mostram que estamos retomando o controle”, disse.
Segundo ele, a GCM mantém patrulhas constantes na região, com viaturas, bicicletas e equipes a pé. “O cidadão de bem não pode ser impedido de sair de casa, de trabalhar ou de fazer compras por causa da criminalidade. Estamos atuando para garantir isso.”
O delegado D’Ávila afirmou que novas ações devem ocorrer. “Voltaremos quantas vezes for necessário. A quantidade de droga apreendida não é o mais relevante aqui. O importante é proteger as pessoas que vivem e trabalham nessa cidade. É para isso que existimos como força de segurança”, concluiu.