Levy Teles | 30 de outubro de 2025 - 17h05

Hugo Motta e Alcolumbre planejam reforço na segurança do Congresso após novos incidentes

Mudanças devem incluir reconhecimento facial, raio-x avançado e controle de acesso mais rígido até o fim do ano

POLÍTICA
Congresso Nacional terá reforço de segurança e tecnologia após série de episódios com risco potencial. - Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AL), anunciaram nesta quinta-feira (30) que pretendem reformular a estrutura de segurança e os protocolos de acesso ao Congresso Nacional. A decisão ocorre após uma série de episódios envolvendo ameaças, tentativas de entrada com armas e crescimento de comportamentos considerados radicais nos corredores do Legislativo.

Segundo Motta, a proposta está sendo elaborada em conjunto pelos setores de engenharia e segurança das duas Casas e será apresentada até o final de 2025. “Temos vivido tempos de muito radicalismo, incidentes que têm se repetido. Isso nos preocupa bastante”, afirmou.

O presidente da Câmara relatou que, na quarta-feira (29), um grupo de estudantes foi impedido de entrar no prédio após ser flagrado com um canivete e uma máquina de choque. O episódio acendeu o alerta sobre a fragilidade nos protocolos de inspeção.

Outro caso citado por Motta envolveu a prisão de um homem no fim de 2024, que tentou acessar a Câmara com 30 munições de pistola. Já em novembro daquele ano, o extremista Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, cometeu suicídio com explosivos na frente do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes do ataque, ele esteve nas dependências da Câmara.

Reconhecimento facial e tecnologia de ponta - Durante sessão no Senado, Alcolumbre defendeu mudanças profundas na infraestrutura de segurança do Congresso. Entre as propostas, estão a instalação de sistemas de reconhecimento facial, modernização dos equipamentos de raio-x, controle mais rigoroso de fluxo na chapelaria – entrada principal do prédio – e outros mecanismos baseados em tecnologia de ponta.

“Está na hora de reorganizarmos a entrada e chegada das pessoas nas duas rampas da chapelaria. Já houve o episódio em que uma pessoa tentou invadir o Congresso com um veículo. Precisamos reagir com responsabilidade”, alertou Alcolumbre.

O senador afirmou que os órgãos de patrimônio, incluindo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e as áreas técnicas de engenharia e arquitetura das duas Casas serão envolvidos no processo de reformulação.

Parlamentares na mira: caso Eduardo Braga - A tensão nos corredores do Congresso também se estende aos próprios parlamentares. Alcolumbre e Motta repudiaram o ataque verbal sofrido pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), nesta semana, quando um homem o abordou agressivamente por discordar de seu relatório à Medida Provisória 1.304/2025, que trata de mudanças no setor elétrico.

O indivíduo filmou o senador com um celular no rosto e o acusou de apoiar um projeto que provocaria demissões. “Foi um ato covarde e inaceitável”, classificou Alcolumbre.

Em resposta ao cenário de insegurança, a Câmara aprovou nesta quinta-feira um projeto de resolução que atualiza as atribuições do Departamento de Polícia Legislativa Federal da Casa. A proposta também ordena as etapas do concurso público para ingresso na carreira de policial legislativo.

O projeto faz parte de uma estratégia mais ampla para reestruturar o aparato de segurança do Parlamento e deverá servir de base para futuras ações integradas com o Senado.