Ricardo Eugenio | 30 de outubro de 2025 - 09h10

Campo Grande é alvo da Operação Arcanum contra tráfico e lavagem de dinheiro

Mandados de prisão e busca foram cumpridos na capital e em outros cinco estados após seis meses de investigação

INVESTIGAÇÃO
Polícia cumpre mandados em Campo Grande e outros cinco estados contra tráfico e lavagem de dinheiro na Operação Arcanum. - (Foto: Divulgação)

A quinta-feira (30) começou diferente em Campo Grande. Viaturas descaracterizadas circularam discretamente por bairros da capital, enquanto agentes se preparavam para cumprir ordens judiciais que ligavam Mato Grosso do Sul a um esquema nacional de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Foi a vez da cidade entrar na rota da Operação Arcanum, uma ofensiva conduzida pela Ficco de Sergipe, que visa desmantelar uma rede criminosa que operava em diversos estados.

O nome da operação, que lembra algo misterioso, caiu bem. De acordo com as investigações, iniciadas há cerca de seis meses, o grupo criminoso atuava de forma silenciosa e estruturada. A polícia apurou que a organização tinha braços em diferentes cidades e usava empresas de fachada e “laranjas” para lavar o dinheiro do tráfico. Em Campo Grande, entre os alvos estavam um traficante e uma advogada — uma combinação improvável, mas que ilustra a complexidade da rede.

Ao todo, foram cumpridos 13 mandados judiciais, sendo sete de prisão e seis de busca e apreensão. A operação aconteceu simultaneamente em Campo Grande (MS), Aracaju, Itaporanga D’Ajuda e Barra dos Coqueiros (SE), Maceió (AL) e Montes Claros (MG). Foram apreendidas armas de fogo, documentos, valores em dinheiro e mídias eletrônicas que devem ajudar a aprofundar as investigações.

A movimentação da polícia nesta manhã em Campo Grande não foi por acaso. Mato Grosso do Sul, por sua localização estratégica na fronteira, tem sido frequentemente usado como ponto de distribuição de drogas para outros estados. A Ficco/SE, formada por forças como a Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e a Senappen, atua de forma integrada para enfraquecer essas redes.

Segundo as autoridades, a estrutura da organização era considerada “sofisticada”. O grupo cuidava desde a compra e transporte das drogas até a distribuição e disfarce do dinheiro ilícito. A descoberta partiu da apreensão de armas, drogas e veículos em Nossa Senhora do Socorro, no interior de Sergipe, o que levou a polícia a seguir o rastro do dinheiro e descobrir o caminho do tráfico.

A operação é mais um exemplo de como o combate ao crime organizado tem ultrapassado os limites estaduais. Campo Grande, mesmo longe do litoral ou dos grandes centros econômicos, segue no mapa da criminalidade — e também no radar das forças de segurança.