Furacão Melissa devasta Caribe, deixa dezenas de mortos e causa destruição em três países
Com ventos de até 295 km/h, tempestade de categoria 5 atingiu Jamaica, Haiti e Cuba, provocando inundações, desabamentos e milhares de desabrigados
INTERNACIONALMoradores de várias ilhas do Caribe começaram nesta quinta-feira (30) a retirar escombros e avaliar os danos provocados pelo furacão Melissa, que devastou a região nos últimos dias.
Segundo autoridades locais, ao menos 25 pessoas morreram no Haiti, onde outras 18 estão desaparecidas, e há também registros de vítimas na Jamaica.
A Organização das Nações Unidas (ONU) classificou os estragos como de “níveis sem precedentes”. A expectativa é que o Melissa siga rumo ao norte, passando a oeste das Bermudas até o fim do dia.
Destruição generalizada na Jamaica
No sudeste da Jamaica, o som de maquinários pesados, motosserras e facões dominava as ruas enquanto moradores e equipes do governo trabalhavam para liberar estradas bloqueadas e alcançar comunidades isoladas.
Casas sem telhados e ruas cobertas de destroços marcaram o cenário de destruição.
“Eu não tenho mais uma casa”, lamentou Sylvester Guthrie, morador de Lacovia, em St. Elizabeth, segurando a bicicleta que restou como seu único bem.
O governo jamaicano iniciou voos de ajuda humanitária, levando água, alimentos e suprimentos básicos para as regiões mais afetadas.
“A devastação é enorme”, afirmou o ministro dos Transportes, Daryl Vaz.
O primeiro-ministro Andrew Holness informou que 90% dos telhados na cidade costeira de Black River foram destruídos. “Black River é o marco zero da destruição”, disse.
Mais de 25 mil pessoas seguem em abrigos e 77% da ilha permanece sem energia elétrica.
O Melissa, de categoria 5, atingiu a Jamaica na terça-feira (28) com ventos de até 295 km/h, sendo um dos furacões mais fortes já registrados no Atlântico.
Haiti registra dezenas de mortos e desaparecidos
No Haiti, o furacão provocou inundações catastróficas e causou a morte de pelo menos 25 pessoas, além de 18 desaparecidos, principalmente no sul do país.
Em Petit-Goâve, o morador Steven Guadard perdeu toda a família. “Eu tinha quatro crianças em casa... todas morreram”, relatou emocionado.
A Agência de Proteção Civil do Haiti informou que só em Petit-Goâve 20 pessoas morreram, entre elas 10 crianças, além de 160 casas danificadas e 80 destruídas.
Mais de 11,6 mil haitianos seguem em abrigos, e 152 pessoas com deficiência precisam de assistência alimentar emergencial.
Cuba inicia limpeza e reconstrução
Em Cuba, equipes civis e militares começaram nesta quinta-feira (30) a desobstruir estradas e resgatar moradores em comunidades isoladas no leste da ilha.
A Defesa Civil havia retirado mais de 735 mil pessoas antes da chegada do furacão, o que evitou mortes.
“Estamos limpando as ruas e tirando os galhos”, contou Yaima Almenares, professora de Santiago de Cuba, enquanto vizinhos removiam entulhos e troncos das vias.
As províncias de Santiago, Granma, Holguín, Guantánamo e Las Tunas registraram grandes estragos, como perda de telhados, quedas de energia, danos em estradas e destruição de plantações de banana, mandioca e café.
Apesar do impacto, as chuvas ajudaram a reabastecer reservatórios e amenizar uma seca severa na região.
Muitas comunidades, porém, continuam sem eletricidade, internet e telefone devido à queda de cabos e transformadores.
Antes de atingir a costa, o Melissa já havia provocado três mortes na Jamaica, três no Haiti e uma na República Dominicana.
Com ventos de quase 300 km/h, o furacão se tornou uma das tempestades atlânticas mais intensas já registradas, segundo meteorologistas.