Lewandowski responde críticas e diz que segurança é dever dos governadores
Ministro rebate declaração de Cláudio Castro e defende PEC para coordenação entre forças de segurança
SEGURANÇA PÚBLICAO ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, reagiu nesta terça-feira (28) às críticas feitas pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a operação que deixou ao menos 64 mortos em comunidades da capital fluminense. Em entrevista, Lewandowski afirmou que a segurança pública é uma atribuição dos governos estaduais e que o combate ao crime deve ser feito com “planejamento, inteligência e coordenação”.
A declaração veio em resposta às acusações feitas por Castro, que afirmou que o Rio “enfrenta o crime sozinho” e que o governo federal não tem prestado apoio em ações de segurança. A operação desta terça-feira foi considerada a mais letal no estado desde 2005.
“Agora, a responsabilidade é, sim, exclusivamente dos governadores no que diz respeito à segurança pública nos respectivos estados”, afirmou Lewandowski durante visita ao Ceará. Ele também lamentou as mortes de policiais e civis durante a operação. “Queria prestar solidariedade às famílias dos policiais mortos, dos inocentes que também pereceram nessa operação.”
PEC da Segurança e apoio federal - O ministro aproveitou para defender a proposta de emenda à Constituição elaborada pelo Ministério da Justiça — a PEC da Segurança Pública —, que visa ampliar a cooperação entre União, estados e municípios, além de criar um modelo de compartilhamento de inteligência entre as polícias.
Segundo Lewandowski, a medida tem potencial para evitar improvisações e garantir ações articuladas no combate à criminalidade. “Propusemos ao Congresso uma PEC que visa exatamente a coordenação das forças federais com as estaduais e municipais, o compartilhamento de inteligência, ações coordenadas, planejadas antecipadamente. É disso que estamos precisando”, destacou.
Ele também contestou a alegação de que o governo federal tem se omitido. De acordo com o Ministério da Justiça, todas as 11 solicitações de apoio da Força Nacional feitas pelo Rio desde 2023 foram atendidas, e houve investimentos em equipamentos, armamentos e no sistema penitenciário estadual.
Ainda segundo o ministério, a Polícia Federal realizou 178 operações no estado em 2025, com mais de 200 prisões, além da apreensão de 10 toneladas de drogas e 190 armas. Entre 2024 e 2025, foram cumpridos 855 mandados de prisão. A Polícia Rodoviária Federal também apreendeu dezenas de milhares de itens, incluindo veículos, munições e entorpecentes.
Castro afirma que governo federal tem negado apoio - Na coletiva em que comentou o resultado da operação, Cláudio Castro disse que não pediu ajuda federal “desta vez” por já ter recebido negativas em outras ocasiões. “Nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não ceder. [...] A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos”, afirmou.
Castro também criticou a ausência de blindados e tropas federais durante a ação. “É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, dessa vez, como ao longo desse mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais.”
A troca de declarações entre governo estadual e Ministério da Justiça ocorre em meio à crescente pressão por respostas diante da escalada da violência no Rio de Janeiro. A ausência de ações coordenadas e a alta letalidade da operação têm gerado críticas de especialistas e organizações de direitos humanos.