Rodrigo Sampaio | 27 de outubro de 2025 - 12h45

Corinthians propõe reforma no estatuto com voto para sócio-torcedor e mandatos maiores

Mudanças incluem ampliação de mandatos de três para quatro anos, criação da figura do CEO e possibilidade de o clube se tornar SAF, com controle mantido pelos associados.

REFORMA NO CORINTHIANS
Reforma do estatuto busca modernizar a gestão e ampliar a participação dos torcedores do Corinthians. - Foto: Reprodução

O Corinthians apresentou nesta segunda-feira (27) o anteprojeto da reforma de seu estatuto, que traz mudanças estruturais na gestão e amplia a participação dos torcedores nas decisões do clube. O texto prevê a criação de uma nova categoria de sócio-torcedor com direito a voto, a ampliação do tempo de mandato da diretoria e dos conselhos de três para quatro anos, além de ajustes nas regras de reeleição e na governança financeira.

As propostas ainda precisarão ser analisadas e aprovadas pelo Conselho Deliberativo e pela Assembleia Geral para entrarem em vigor.

Uma das principais alterações é a criação da categoria "Sócio de Futebol", que permitirá a torcedores do programa Fiel Torcedor participarem das eleições para presidente e vices. Atualmente, apenas os associados ao clube social do Parque São Jorge têm direito a voto.

O documento apresenta duas possibilidades para o novo modelo:

Primeira proposta: estar em dia com o Fiel Torcedor e pagar, por quatro anos, uma taxa equivalente a 50% da contribuição mensal dos sócios patrimoniais.

Segunda proposta: pagar o valor integral do título associativo exigido dos demais membros e, também por quatro anos, uma taxa equivalente a um terço da contribuição mensal dos associados.

Após seis anos de adimplência ininterrupta, o Sócio de Futebol poderá migrar para o quadro social do clube, com todos os direitos previstos no estatuto, inclusive o de se candidatar em futuras eleições.

A inclusão do voto para o torcedor é uma reivindicação antiga das arquibancadas e ganhou força em 2025, após protestos que cobraram mais transparência e participação popular na gestão especialmente em meio à crise política e financeira que culminou no impeachment de Augusto Melo e denúncias de irregularidades contratuais.

Mandatos mais longos e limites à reeleição - A proposta amplia o mandato da diretoria e dos conselhos para quatro anos, mas restringe as reeleições. O presidente não poderá ser reeleito, mesmo em mandatos não consecutivos. Vice-presidentes e membros de conselhos terão restrição à reeleição consecutiva, e a Comissão de Ética permitirá apenas uma recondução.

O texto também abre a possibilidade de o Corinthians adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), desde que aprovado pelos conselhos e pela Assembleia Geral após auditoria independente. No entanto, o clube proíbe que investidores externos tenham o controle majoritário da SAF, para garantir que o comando siga nas mãos dos associados.

O estatuto prevê ainda a criação de empresas parceiras para explorar atividades ligadas ao futebol, desde que o clube detenha ao menos 51% do capital social e receba 10% da receita líquida dessas operações.

CEO e rigidez nas contas - A nova estrutura de governança cria o cargo de Chief Executive Officer (CEO), escolhido por meio de processo seletivo público conduzido por empresa especializada. O contrato terá duração de até quatro anos, e a remuneração será atrelada ao cumprimento de metas.

O texto também impõe rigidez fiscal, proibindo a diretoria de gastar mais de 90% das receitas e de aumentar despesas com pessoal nos 12 meses anteriores às eleições (exceto com atletas profissionais). A contabilidade do futebol profissional será independente da área social.

O descumprimento das obrigações contábeis poderá ser considerado falta grave, com responsabilização do presidente e do vice-financeiro, inclusive com seus bens pessoais, em casos de gestão irregular ou temerária.