Imposto de importação já fez 4 em cada 10 brasileiros desistirem de compras internacionais
Pesquisa mostra que 'taxa das blusinhas' impacta comportamento de consumo e fortalece indústria nacional
ECONOMIAA elevação dos custos para compras internacionais pela internet, especialmente após o início da cobrança mais ampla do Imposto de Importação — apelidado de “taxa das blusinhas” — tem feito com que cada vez mais brasileiros desistam de fechar pedidos em sites estrangeiros.
De acordo com pesquisa do instituto Nexus para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 38% dos consumidores com o hábito de comprar online do exterior deixaram de concluir uma compra em outubro por conta da nova tributação. Em maio, esse número era de apenas 13%.
Ao mesmo tempo, a parcela de consumidores que afirmam nunca ter deixado de comprar por causa da taxa caiu de 74% para 50%. Ou seja, a interferência do imposto na decisão de compra quase triplicou em cinco meses.
Dos que abandonaram o carrinho por causa da nova cobrança, 42% simplesmente desistiram da compra. Outros 32% optaram por um produto similar entregue por loja nacional, 14% procuraram alternativas em lojas físicas e 11% buscaram o item em outro site estrangeiro.
Segundo o superintendente de Economia da CNI, Marcio Guerra, os dados indicam um possível “respiro” para a indústria brasileira, já que parte dos consumidores está migrando para produtos nacionais. Ainda assim, ele avalia que o imposto atual não equilibra o cenário de forma justa.
“A carga tributária de outros países é muito inferior à nossa. Mesmo com o impacto positivo para a indústria, ainda há um longo caminho para equilibrar a competição”, afirmou Guerra, em nota.
A pesquisa também apontou que o imposto estadual (ICMS) tem influência significativa nas decisões de consumo: 36% dos entrevistados disseram já ter desistido de compras por causa dessa cobrança.
Além disso, o frete internacional alto (45%) e o prazo de entrega longo (32%) também aparecem como barreiras recorrentes para quem compra em sites internacionais.
O levantamento foi realizado entre os dias 10 e 15 de outubro, com 2.008 entrevistados em todas as 27 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.