Gabriel Hirabahasi e Mateus Maia | 27 de outubro de 2025 - 08h50

Alckmin diz que diálogo entre Lula e Trump abre novas frentes com os EUA

Presidente em exercício vê potencial em áreas como agronegócio, tecnologia e energia renovável

RELACÕES INTERNACIONAIS
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e presidente em exercício, Geraldo Alckmin - Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e atual presidente da República em exercício, afirmou nesta segunda-feira (27) que o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, abriu espaço para o aprofundamento de negociações comerciais entre Brasil e EUA.

Segundo Alckmin, a conversa entre os dois líderes, realizada na Malásia, foi "muito positiva" e abre caminho para uma agenda conjunta envolvendo temas como tarifas de importação, oportunidades de investimentos em data centers, exploração de terras raras e expansão do agronegócio.

O presidente dos EUA, Donald Trump e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva - (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação)

"O diálogo se estabelece e agora se aprofunda. Vai entrar nesse debate questões tarifárias, embora o Brasil já tenha tarifas baixas sobre produtos dos EUA", destacou Alckmin, durante entrevista ao portal ICL Notícias.

Entre os pontos centrais das tratativas, está o projeto ReData, uma proposta do governo federal para incentivar a instalação de data centers no Brasil, com foco em segurança jurídica e atração de grandes investimentos no setor de tecnologia e inteligência artificial.

Para Alckmin, a aprovação da Medida Provisória que regula o ReData ainda este ano seria essencial. "Ninguém vai investir bilhões em data centers e IA sem uma legislação aprovada e consolidada", afirmou.

O presidente em exercício também destacou que o Brasil tem um diferencial competitivo relevante: energia limpa e abundante. “Temos energia renovável, e isso é um atrativo importante para o setor de tecnologia”, avaliou.

Outro ponto que pode ganhar força com o estreitamento do diálogo com os Estados Unidos é o comércio de produtos com maior valor agregado. "A China compra commodities, enquanto os Estados Unidos compram produtos com valor agregado, como aviões e máquinas", explicou.

Alckmin disse estar otimista com os desdobramentos do encontro entre os presidentes e afirmou que ainda não há data definida para uma missão oficial aos Estados Unidos. Segundo ele, os próximos passos devem ser definidos após o retorno de Lula da viagem ao sudeste asiático.

Além das conversas com os EUA, Alckmin reforçou que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia deve ser assinado até o fim do ano. Ele também mencionou tratativas avançadas entre o bloco sul-americano e os Emirados Árabes, além de oportunidades com a Índia, especialmente na área da aviação.