Redação | 26 de outubro de 2025 - 09h15

Dois suspeitos são presos na França e especialistas temem destruição das joias reais

Investigação sobre furto milionário segue em andamento; diretora do museu admite falhas de segurança e oferece renúncia

ROUBO NO LOUVRE
Policiais franceses ao lado de um elevador de carga usado por ladrões para entrar no Museu do Louvre, no Quai François Mitterrand, em Paris, em 19 de outubro de 2025. - (Foto: Dimitar Dilkoff/AFP)

Dois homens foram presos na noite de sábado (25), na França, durante a investigação do roubo de joias da coroa francesa ocorrido no Museu do Louvre, em Paris, no último domingo (19). Segundo a imprensa local, um dos suspeitos foi detido no Aeroporto Charles-de-Gaulle, quando se preparava para embarcar para o exterior, enquanto o outro foi capturado logo depois, na região metropolitana da capital.

A promotora Laure Beccuau ainda não confirmou o número total de detenções, mas ambos são apontados como integrantes do grupo de quatro pessoas envolvidas no furto de oito joias avaliadas em mais de US$ 100 milhões.

De acordo com as investigações, os criminosos teriam usado um elevador de carga instalado na rua para entrar no museu. Em seguida, quebraram as vitrines com uma serra circular e fugiram em uma motocicleta. Entre os itens levados estão uma tiara de pérolas da Imperatriz Eugênia e um conjunto de colar e brincos de safira pertencentes à Rainha Maria Amélia.

Especialistas consultados pela Associated Press (AP) afirmam que as peças podem já ter sido derretidas ou desmontadas, o que dificultaria sua recuperação.
Segundo Erin Thompson, professora de crimes de arte no John Jay College of Criminal Justice (Nova York), as joias poderiam ser revendidas de forma discreta, inclusive em joalherias comuns, sem a necessidade de recorrer a um mercado clandestino.

“Você poderia vendê-las facilmente, até na rua do Louvre”, disse Thompson. Ela e outros especialistas destacam que a transformação das joias em novas peças é uma prática comum para dissimular a origem e facilitar a revenda.

Já Christopher Marinello, advogado e fundador da Art Recovery International, considera improvável que as joias originais reapareçam. Para ele, encontrar compradores para peças tão reconhecidas após ampla divulgação na imprensa seria quase impossível.

A diretora do Louvre, Laurence des Cars, reconheceu uma “terrível falha” na segurança do museu após o roubo. Em audiência no Senado francês, ela afirmou que a instituição sofre com a falta de câmeras e vulnerabilidades estruturais que facilitaram a ação criminosa.

“Estamos vivendo uma falha grave no Louvre, pela qual assumo minha parte da responsabilidade”, declarou.
Des Cars chegou a oferecer sua renúncia ao cargo, mas o ministro da Cultura da França recusou o pedido, pedindo que ela continue à frente do museu enquanto as investigações prosseguem.