A contratação de Cristiano Ronaldo pela Juventus, em 2018, ainda rende consequências financeiras e judiciais ao clube italiano. Apesar de ter chegado no auge da carreira — multicampeão pelo Real Madrid, artilheiro e símbolo de marketing —, o português deixou a Velha Senhora em 2021, mas o imbróglio envolvendo salários diferidos durante a pandemia continua.

A disputa gira em torno de 20 milhões de euros que Ronaldo alega não ter recebido entre 2020 e 2021. A antiga diretoria da Juventus realizou manobras salariais que prometeram pagamentos sem registrá-los corretamente nos balanços contábeis. Um tribunal de arbitragem determinou inicialmente o pagamento de 9,8 milhões de euros, entendendo culpa compartilhada entre clube e jogador, mas Ronaldo recorreu, exigindo o valor integral com juros.

A aposta do clube no astro custou 100 milhões de euros, com salários anuais de 31 milhões líquidos. Apesar do desempenho individual impressionante (134 jogos, 101 gols, dois títulos da Serie A, uma Copa da Itália e duas Supercopas) o principal objetivo europeu jamais foi alcançado: a Liga dos Campeões continuou a escapar.

A saída de Ronaldo trouxe consequências profundas. O clube não conquista o Campeonato Italiano há cinco temporadas, perdeu o executivo Beppe Marotta para a Internazionale e viu Andrea Agnelli e outros dirigentes se afastarem após investigações por irregularidades financeiras. A Juventus também enfrentou punições da Uefa, incluindo banimento de competições europeias, multas e restrições no fair play financeiro.

O prejuízo registrado no ano fiscal 2024/2025 foi de 58 milhões de euros, deixando o clube próximo do limite permitido pela Uefa, que restringe perdas a 60 milhões em três anos. Nesse contexto, uma decisão judicial desfavorável a Ronaldo pode representar um passivo que compromete ainda mais a estabilidade financeira do clube.

Mesmo sendo o maior clube em receita da Itália, a Juventus segue lidando com o legado da contratação de Ronaldo. A decisão histórica de investir pesado no astro, somada à pandemia e às manobras contábeis da antiga diretoria, ainda assombra o clube, evidenciando que nem sempre o futebol e a contabilidade caminham lado a lado.