Harvard Health Publishing/E+ | 22 de outubro de 2025 - 09h35

Por que as mulheres vivem mais que os homens? Estudo revela os principais fatores

Pesquisa internacional revela que doenças cardíacas, câncer e saúde mental estão entre as causas da diferença de longevidade

SAÚDE
Estudos tentam entender por que mulheres têm maior expectativa de vida em relação aos homens - Foto: Mapodile/peopleimages.com/Adobe Stock

As mulheres continuam vivendo mais do que os homens — e essa diferença está crescendo. De acordo com um estudo publicado na edição de janeiro de 2024 do JAMA Internal Medicine, a diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres nos Estados Unidos chegou a 5,8 anos em 2021, o maior intervalo desde 1996.

Atualmente, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mulheres vivem, em média, até os 81 anos, enquanto homens chegam aos 76. No Brasil, os números também mostram vantagem feminina: 79,7 anos para mulheres e 73,1 para homens, conforme dados de 2023.

Mas por que essa diferença persiste? O pesquisador Alan Geller, da Escola de Saúde Pública de Harvard, explica que “as mulheres lidam melhor com certas necessidades de saúde que contribuem para uma vida mais longa”.

O estudo identificou as doenças cardíacas e o diabetes como os principais fatores que reduzem a expectativa de vida masculina. Segundo o CDC, os homens têm maior risco de desenvolver problemas cardíacos, mesmo após os 75 anos.

O ganho de peso é um dos fatores mais influentes, já que pode levar à hipertensão, colesterol alto e resistência à insulina. Embora as taxas de obesidade entre idosos sejam semelhantes, as mulheres tendem a se preocupar mais com o controle de peso, participando de programas de emagrecimento, usando medicamentos e adotando dietas com mais vegetais.

Câncer de pulmão

As mortes por câncer de pulmão continuam mais altas entre os homens, impulsionadas pelo maior consumo de cigarro. Em 2021, 13,1% dos homens ainda fumavam, contra 10,1% das mulheres.

Apesar de as mulheres terem mais dificuldade para abandonar o vício, elas tentam parar mais vezes. Já os homens, em geral, fumam por mais tempo antes de abandonar o hábito, o que aumenta o risco da doença.

Melanoma 

Os homens têm quase o dobro de probabilidade de morrer de melanoma em relação às mulheres, segundo a American Cancer Society. A diferença está, em parte, no comportamento preventivo.

As mulheres são mais propensas a usar protetor solar diariamente e a consultar dermatologistas regularmente. Também são mais cuidadosas em avaliar manchas suspeitas, o que permite o diagnóstico precoce — fator essencial para o tratamento bem-sucedido.

Saúde mental 

Outro ponto crítico é a saúde mental. Entre adultos de 55 a 64 anos, a taxa de suicídio masculino é quase oito vezes maior do que a feminina. Embora as mulheres apresentem índices mais altos de depressão, elas buscam ajuda com mais frequência, recorrendo à terapia e à medicação.

“Muitos homens sentem uma pressão externa para parecer fortes, o que os torna relutantes em falar sobre seus problemas emocionais”, explica Geller. Além disso, os sintomas da depressão masculina costumam se manifestar de forma diferente — por meio de raiva, irritabilidade, abuso de substâncias ou comportamentos de risco —, o que dificulta o diagnóstico.

Relações afetivas

Estudos indicam que homens casados vivem mais do que os solteiros. De acordo com Alan Geller, relacionamentos estáveis funcionam como fator protetor, pois o companheirismo ajuda a adotar hábitos saudáveis, buscar atendimento médico e reduzir comportamentos de risco, como o abuso de álcool ou drogas.

“Uma parceira pode incentivar medidas preventivas e cuidados com a saúde. Além disso, o compromisso afetivo tende a diminuir a exposição a riscos físicos”, afirma o pesquisador.