Gonçalo Junior | 21 de outubro de 2025 - 15h25

Polícia prende oitavo suspeito de envolvimento na execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes

Homem foi detido em Itanhaém; Polícia Civil apura elo com facção criminosa e possível ligação com licitação milionária em Praia Grande

CRIME
Cristiano Alves da Silva, de 36 anos, conhecido como 'Chris Brown', é proprietário do imóvel em Mongaguá que teria sido utilizado como ponto de apoio antes e depois do crime. - (Foto: Divulgação)

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta terça-feira (21) o oitavo suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, executado no dia 15 de setembro, em Praia Grande, no litoral paulista. A prisão foi realizada em Itanhaém.

O suspeito foi identificado como José Nildo, de 47 anos. Segundo as investigações, ele apareceu em uma das casas utilizadas como esconderijo pelos criminosos após o assassinato. Testemunhas relataram que Nildo estava armado e usava colete à prova de balas. A polícia ainda apura se ele foi um dos atiradores.

“Ele era investigado e, após o crime, foi a uma das casas que serviu de apoio logístico para a quadrilha. Estava com colete e armado. Acreditamos que ele possa ter atuado diretamente na execução, mas isso ainda está sendo confirmado”, explicou o delegado-geral Artur Dian.

Prisões anteriores e foragidos - A prisão de José Nildo eleva para oito o número de detidos pela execução de Ferraz Fontes. Outros dois suspeitos seguem foragidos. Na semana passada, Cristiano Alves da Silva, conhecido como "Chris Brown", foi capturado. Ele é apontado como dono do imóvel usado pelo grupo antes e depois do crime. Já Danilo Pereira Pena, apelidado de "Matemático", também foi preso e é investigado por coordenar parte da operação criminosa.

Outro suspeito, Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como "Jaguar", teria sido transportado por ordem de Luiz Henrique Santos Batista, o "Fofão", conforme relato de Danilo. Jaguar também está entre os principais alvos da investigação.

Delegado Ruy Ferraz Fontes, à época em que era diretor do Denarc. (Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO)

Investigação aponta possível elo com licitação - Uma das principais linhas de investigação trabalha com a hipótese de que a morte de Ferraz Fontes tenha relação com uma licitação pública de R$ 24 milhões aberta em setembro pela Prefeitura de Praia Grande. A suspeita é de que a concorrência tenha atingido interesses de uma entidade ligada a integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o que teria colocado o então secretário de Administração do município como alvo.

Apesar da relevância da linha investigativa, a polícia ainda trata a motivação como prematura. “Vamos chegar lá, mas ainda temos um bom caminho a percorrer”, disse Dian.

Ferraz Fontes ganhou notoriedade por seu histórico de enfrentamento ao PCC. Em 2006, foi responsável por indiciar a cúpula da facção, incluindo Marcola. Em 2019, durante sua gestão como delegado-geral da Polícia Civil, comandou a transferência de Marcola para um presídio federal.

Mandados em endereços públicos - No início de outubro, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em pelo menos oito endereços da Baixada Santista. Um dos alvos foi o subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini. Na casa dele, foram apreendidos R$ 50 mil, mil euros, 10 mil dólares, celulares, computadores, três pistolas, documentos de armas e cartões bancários.

Em nota, a defesa de Pardini nega qualquer envolvimento com o crime. “Os bens apreendidos não possuem relação com os fatos investigados. Sandro foi ouvido como testemunha e está à disposição das autoridades”, afirmou o advogado Octavio Rolim.

A polícia informou que nenhum dos servidores públicos alvos dos mandados está formalmente investigado no momento, mas os materiais apreendidos podem colaborar com a elucidação do caso.