Quem é Guilherme Boulos, ex-líder do MTST, derrotado em SP e agora ministro de Lula
Novo chefe da Secretaria-Geral da Presidência, deputado do PSOL é aliado do governo e figura histórica nos movimentos sociais
POLÍTICAO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. A pasta é responsável por articular o governo com os movimentos sociais e vinha sendo comandada por Márcio Macêdo (PT), que deixa o cargo sob críticas pela dificuldade em estreitar o diálogo com esses grupos.
A nomeação de Boulos, de 42 anos, vinha sendo discutida desde maio. A oficialização só ocorreu quase cinco meses depois das primeiras conversas. Ele se torna o primeiro nome do PSOL a integrar a Esplanada dos Ministérios na atual gestão petista — embora o partido afirme que a restrição a ocupar cargos no Executivo vale apenas para dirigentes.
Boulos ganhou projeção nacional como coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), onde atua desde o início dos anos 2000. A liderança no movimento o transformou em figura central na militância por moradia, ao mesmo tempo em que o rotulou, entre opositores, como "invasor de propriedades", imagem explorada durante as eleições que disputou.
Formado em Filosofia pela USP e professor, Boulos iniciou sua trajetória eleitoral em 2018, ao concorrer à Presidência da República. Na ocasião, obteve pouco mais de 617 mil votos e ficou em 10º lugar. Em 2020, foi candidato à Prefeitura de São Paulo, ao lado da ex-prefeita Luiza Erundina. No segundo turno, somou 40,62% dos votos válidos, perdendo para Bruno Covas (PSDB), que teve Ricardo Nunes (MDB) como vice.
Nas eleições municipais de 2024, Boulos tentou novamente assumir a prefeitura paulistana. Desta vez, formou chapa com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e teve o apoio declarado de Lula. Mesmo assim, foi derrotado por Ricardo Nunes, que contou com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A campanha foi marcada por ataques, principalmente vindos do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que tentou descredibilizar Boulos com a divulgação de um laudo falso — forjando até a assinatura de um médico já falecido — que o acusava de envolvimento com drogas na véspera do primeiro turno.
Apesar das derrotas em disputas executivas, Boulos consolidou sua força política ao ser eleito deputado federal por São Paulo em 2022. Com mais de um milhão de votos, foi o mais votado no estado e integra hoje a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados.
A chegada de Boulos ao governo ocorre em um momento em que Lula busca reforçar os laços com as bases sociais que o elegeram, mas que vinham demonstrando insatisfação com a condução do governo. A escolha de um nome identificado historicamente com as lutas populares sinaliza uma tentativa de reposicionamento político.