Lucelmo Lacerda (*) | 20 de outubro de 2025 - 08h45

Bullying nas escolas: é hora de agir

Lucelmo Lacerda (*)

ARTIGO
Lucelmo Lacerda - (Foto: Divulgação)

O bullying escolar é um problema sério que pode ter impactos profundos e duradouros na vida dos estudantes. Sofrer esse tipo de violência na infância e adolescência aumenta significativamente a probabilidade de desenvolver depressão, ansiedade e baixa autoestima, além de comprometer o rendimento acadêmico e o futuro profissional. Os efeitos podem se prolongar até a vida adulta, interferindo na construção de relacionamentos saudáveis e na inserção no mercado de trabalho.

Para enfrentar efetivamente essas situações, é fundamental que toda a comunidade escolar compreenda claramente o que caracteriza o bullying, facilitando sua identificação e permitindo a adoção de medidas adequadas. Isso inclui reconhecer tanto manifestações físicas e verbais quanto formas mais sutis, como exclusão social, comentários depreciativos e cyberbullying.

Os alunos devem ter canais seguros para reportar os casos, seja por meio de professores, coordenadores ou da direção, garantindo que as denúncias sejam tratadas de forma eficiente, protegida e sigilosa. A escola deve estimular a cultura do diálogo, da empatia e do respeito entre estudantes, promovendo campanhas educativas, rodas de conversa e atividades que reforcem valores de cooperação e solidariedade.

É igualmente importante estabelecer uma hierarquia de consequências, já que o bullying pode se manifestar de diferentes formas, desde comentários isolados até casos graves de preconceito, cyberbullying ou violência física. Cada situação demanda respostas proporcionais, justas e educativas, que orientem os agressores sobre a gravidade de suas atitudes, ao mesmo tempo em que oferecem suporte às vítimas.

O engajamento familiar desempenha um papel crucial nesse processo. As escolas devem promover a participação ativa dos pais na educação sobre valores e respeito, além de dialogar com as famílias sobre comportamentos prejudiciais, oferecendo orientações sobre como identificar sinais de bullying e apoiar os filhos quando necessário.

Nesse contexto, a Lei 14.811/2024, que criminaliza o bullying e o cyberbullying no Brasil, reforça a necessidade de responsabilidade coletiva e compromisso de todos no enfrentamento do problema, garantindo que medidas preventivas e punitivas sejam efetivas.

Combater o bullying exige mais do que ações isoladas: demanda esforço conjunto entre escolas, famílias e políticas públicas eficazes. Apenas assim é possível construir ambientes escolares verdadeiramente seguros, inclusivos e capazes de promover o desenvolvimento saudável e integral de todas as crianças e adolescentes.

(*) Lucelmo Lacerda é doutor em Educação e autor do livro “Crítica à pseudociência em educação especial”.