Pedro Augusto Figueiredo | 19 de outubro de 2025 - 21h00

Lula defende "doutrina latino-americana" e diz que Brasil não aceitará "presidente de outro país fal

Em evento com estudantes no ABC paulista, presidente reforçou integração regional, criticou o Congresso e prometeu ampliar o programa Pé-de-Meia

POLÍTICA
Lula defendeu independência latino-americana e criticou políticos durante encontro com estudantes em São Bernardo - Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (18) que pretende criar uma “doutrina latino-americana” em parceria com professores e estudantes da região, com o objetivo de fortalecer a independência política e educacional da América do Sul.

“A gente quer formar uma doutrina latino-americana, com professores e estudantes latino-americanos, para que esse continente um dia seja independente e nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil, porque a gente não vai aceitar”, declarou Lula, aplaudido por centenas de estudantes no ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP).

Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula fez o comentário após relatar que teve “boa química” com o republicano durante encontro recente na Assembleia Geral da ONU. Desde então, os governos dos dois países têm se aproximado para negociar a suspensão das tarifas impostas às exportações brasileiras, e há expectativa de um novo encontro entre os líderes até o fim do ano.

Lula participou de um aulão com cursinhos populares, acompanhado dos ministros Camilo Santana (Educação) e Fernando Haddad (Fazenda). O evento contou com a presença de estudantes que exibiram faixas pedindo a indicação de uma mulher negra ao STF — o presidente, no entanto, caminha para nomear o advogado-geral da União, Jorge Messias, como sucessor de Flávio Dino.

Críticas ao Congresso e promessa para jovens - Durante o discurso, Lula voltou a criticar a classe política, rebatendo a recente PEC da Blindagem, derrubada no Senado após forte reação pública.

“Quando vocês perceberem que a classe política não representa vocês, não desanimem. Quando ela quiser aprovar uma lei que garanta impunidade para ladrão, não desistam”, disse. “O político bom está dentro de vocês, não dentro deles.”

O presidente também anunciou a intenção de universalizar o programa Pé-de-Meia para todos os estudantes do ensino médio, afirmando que o investimento é “na juventude, não nos bancos”.

Antes de Lula, Haddad reafirmou que o lema do governo é “colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, enquanto Camilo Santana prometeu ampliar o apoio à Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), que deve receber R$ 74 milhões até 2025 e chegar a R$ 108 milhões em 2026, beneficiando cerca de 500 cursinhos em todo o país.