19 de outubro de 2025 - 17h30

Número de fumantes cresce no Brasil pela primeira vez em quase 20 anos

Pesquisa do Ministério da Saúde aponta aumento de 25% em um ano; especialistas atribuem avanço à popularização do cigarro eletrônico

SAÚDE PÚBLICA
Cigarros eletrônicos são apontados como um dos fatores para o aumento do número de fumantes no Brasil - Divulgação Ministério da Saúde

Pela primeira vez em quase duas décadas, o número de fumantes no Brasil voltou a crescer, interrompendo uma tendência histórica de queda. Segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, a proporção de adultos fumantes nas capitais brasileiras subiu de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024 — um aumento de 25% em apenas um ano.

O dado preocupa autoridades sanitárias e acende um alerta sobre o impacto de novos produtos derivados do tabaco, como os cigarros eletrônicos. Para o médico da família e comunidade Felipe Bruno da Cunha, o crescimento está diretamente ligado à popularização do vape e de outros tipos de fumo alternativo, especialmente entre os jovens.

“Eu acredito que tem muita relação com as novas formas associadas ao fumo. Na última década, vemos um aumento expressivo, principalmente por conta do cigarro eletrônico, o vape. Outros tipos, como o cigarro de palha, também contribuem para esse aumento”, explica o especialista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma pandemia global, responsável por aproximadamente 8 milhões de mortes anuais. De acordo com o médico, mais de 50 doenças estão associadas ao cigarro, incluindo problemas cardiovasculares, respiratórios e diversos tipos de câncer.

“Existem riscos inúmeros associados ao cigarro, não só pela dependência química, mas também pelas complicações físicas”, alerta Felipe.

O especialista também chama atenção para o risco dos fumantes passivos, aqueles que convivem com quem fuma.

“Essas pessoas também estão expostas a doenças crônicas e até a neoplasias, como o câncer de pulmão. Por isso, é muito importante procurar ajuda médica e apoio para parar de fumar”, reforça.

A pesquisa reacende o debate sobre a necessidade de políticas públicas mais rigorosas contra o consumo de produtos à base de nicotina e sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos, cuja venda é proibida no Brasil, mas segue em expansão.