Isabella Pugliese Vellani | 19 de outubro de 2025 - 12h15

Trump acusa Petro de incentivar narcotráfico e anuncia corte de subsídios à Colômbia

Ex-presidente dos EUA diz que país virou epicentro da produção de drogas e ameaça intervir diretamente

INTERNACIONAL
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - ( Foto: Christopher Furlong/POOL/AFP)

O ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato à presidência, Donald Trump, anunciou neste domingo (19) que a Colômbia deixará de receber subsídios americanos, acusando o presidente colombiano, Gustavo Petro, de promover a produção ilegal de drogas no país sul-americano.

A declaração foi publicada na rede social Truth Social e eleva a tensão diplomática entre os dois países. “Petro é um líder de drogas ilegais que incentiva fortemente a produção maciça de drogas”, escreveu Trump, referindo-se ao presidente colombiano. Segundo ele, o narcotráfico “se tornou, de longe, o maior negócio na Colômbia”, e o governo atual “não faz nada para detê-lo”.

Trump afirmou ainda que a droga produzida na Colômbia tem como destino principal os Estados Unidos, onde seria responsável por “morte, destruição e caos”. Ele também classificou Petro como “um líder mal avaliado e muito impopular”.

Ameaça de intervenção - No mesmo post, Trump fez uma ameaça direta ao governo colombiano. “É melhor fechar esses campos de morte imediatamente ou os EUA os fecharão por ele, e não será feito de forma agradável”, escreveu o ex-presidente, sugerindo a possibilidade de uma ação unilateral dos Estados Unidos em território colombiano.

A fala reacende o debate sobre intervenções americanas em países da América Latina sob a justificativa do combate ao narcotráfico, prática comum durante a chamada "guerra às drogas", especialmente nas décadas de 1980 e 1990.

Tensão crescente entre Colômbia e EUA - O posicionamento de Trump ocorre um dia após o presidente colombiano acusar os Estados Unidos de violarem a soberania nacional e de estarem envolvidos na morte de um cidadão colombiano durante operações militares no Mar do Caribe.

De acordo com Petro, o pescador Alejandro Carranza foi morto por forças norte-americanas enquanto seu barco estava à deriva, com sinal de socorro ligado, nas proximidades da fronteira marítima entre Colômbia e Venezuela. “Não havia ligação com narcotráfico. Era um trabalhador do mar”, afirmou Petro em postagem na plataforma X.

As acusações marcaram um novo capítulo na deterioração das relações entre os dois países, que historicamente mantêm cooperação estreita em temas como segurança e combate às drogas.

Contexto político - Donald Trump, que busca retornar à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2024, tem adotado um discurso cada vez mais duro em relação à América Latina, especialmente no que se refere à imigração e ao narcotráfico.

Já Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, tem buscado reavaliar a política antidrogas do país e ampliar a soberania sobre decisões relacionadas ao tema. Suas críticas ao modelo repressivo tradicional e a busca por uma abordagem mais social têm sido alvo de resistência por parte de setores conservadores, tanto na Colômbia quanto no exterior.