Dirigente do Fed sinaliza cortes nos juros se riscos à inflação e emprego forem controlados
Alberto Musalem, do Fed de St. Louis, destacou que política monetária precisa seguir dados e não está em rota fixa
ECONOMIA GLOBALO presidente do Federal Reserve de St. Louis, Alberto Musalem, afirmou nesta sexta-feira (17) que está aberto à possibilidade de apoiar cortes nos juros dos Estados Unidos, mas condicionou a decisão ao equilíbrio entre os riscos à inflação e ao mercado de trabalho. Segundo ele, qualquer flexibilização da política monetária deverá ocorrer com base em dados e cenários concretos.
“Não estamos em uma trajetória predeterminada. Devemos ser cautelosos ao deixar a política monetária mais moderada”, alertou o dirigente, durante painel na reunião anual do Instituto de Finanças Internacionais (IIF). Musalem faz parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e tem direito a voto nas decisões do Fed neste ano.
Embora não descarte futuros cortes, o dirigente deixou claro que o trabalho de contenção da inflação ainda não terminou. Ele projeta que o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) se mantenha próximo de 3% no curto prazo, pressionado por tarifas e restrições na oferta de mão de obra. A meta do Fed é de 2%, e Musalem prevê que esse nível só será alcançado de forma sustentável a partir do segundo semestre de 2026.
Apesar de reconhecer que o cenário pode melhorar, ele vê fatores persistentes que elevam o risco inflacionário, como mudanças estruturais no mercado de trabalho e políticas comerciais que afetam os preços. “É prematuro prever qual será nossa decisão em outubro”, pontuou.
Para Musalem, o atual momento exige monitoramento constante da economia. “Dependência de dados não é olhar para o passado, mas sim incorporar novas informações para atualizar modelos e projeções”, explicou. A fala também responde a críticas feitas por outros membros do Fed, como Stephen Miran, sobre a metodologia de análise da instituição.
Diante do impasse fiscal em Washington, que levou à suspensão da divulgação de dados oficiais por conta do shutdown do governo, o Fed de St. Louis está utilizando fontes próprias para suas análises econômicas. O bloqueio orçamentário nos Estados Unidos já dura 17 dias e dificulta a visibilidade sobre o desempenho da economia em tempo real.
Musalem reforçou que decisões de política monetária não devem ser tomadas com base em dados isolados, mesmo quando há incertezas como a falta de relatórios oficiais. Para ele, o papel do banco central é justamente navegar em cenários adversos com responsabilidade.