Geovani Bucci | 16 de outubro de 2025 - 17h15

Rodrigo Maia diz que Tarcísio era favorito, mas foi "contaminado pela agenda maluca do bolsonarismo"

Ex-presidente da Câmara afirma que governadores alinhados ao bolsonarismo perdem força eleitoral e critica a guinada populista do governo Lula.

POLÍTICA
Em evento com lideranças partidárias, Rodrigo Maia afirmou que Tarcísio de Freitas perdeu força ao se alinhar ao bolsonarismo e criticou a guinada populista do governo Lula. - Foto: Ricardo Borges/UOL

O ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Rodrigo Maia, afirmou nesta quinta-feira (16) que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), perdeu fôlego político por ter se aproximado do bolsonarismo radical.

“O Tarcísio, favorito, contaminado pela agenda maluca do bolsonarismo anti-Brasil, por um grupo que era nacionalista — uma incoerência em tudo o que se está fazendo — transforma o candidato de centro-direita no candidato a perder a eleição”, disse Maia durante almoço promovido pelo Grupo Voto, em São Paulo.

O encontro também contou com as presenças dos dirigentes partidários Baleia Rossi (MDB), Gilberto Kassab (PSD), Paulo Serra (PSDB) e Renata Abreu (Podemos).

Segundo Maia, “quem colar no bolsonarismo raiz não será presidente do País”. O ex-deputado avaliou que o discurso extremado do grupo tem afastado o eleitorado moderado e isolado a direita tradicional.

Críticas a Lula e ao Congresso - Rodrigo Maia também fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que o petista tem adotado uma linha mais populista após votações recentes no Congresso e após os “movimentos enlouquecidos” do bolsonarismo nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula passou a priorizar pautas de apelo popular, como a tarifa zero nos transportes públicos e o fim da jornada 6x1, em detrimento da responsabilidade fiscal.

“O governo parece disposto a repetir o caminho de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff adiou os ajustes econômicos para priorizar medidas eleitorais”, afirmou.

Maia também criticou a retórica de “ricos contra pobres”, que, segundo ele, afasta investidores e distorce o debate econômico.

“Tratar quem investe como problema, e não como parte da solução, é um erro que traz insegurança”, avaliou.

O ex-presidente da Câmara afirmou ainda que Lula busca um quarto mandato, mas ponderou que poucos políticos conseguem se manter relevantes por tanto tempo.

“Desde que entrei na política, só vi um político conseguir se reinventar e continuar popular: Eduardo Paes (PSD). Mais nenhum. Depois do segundo para o terceiro mandato, todos naufragaram”, disse.

Falta de coerência no Congresso - Maia também criticou o Congresso Nacional, dizendo que o Parlamento perdeu coerência na agenda econômica. Segundo ele, a Casa alterna discursos de austeridade com votações que ampliam despesas e benefícios fiscais, gerando instabilidade nas contas públicas.

Como exemplo, citou a aprovação da Lei do Esporte Permanente, que prorroga isenções tributárias, e a PEC dos Agentes Comunitários, que restabelece regras previdenciárias consideradas equivocadas.

O ex-deputado disse ainda que precisou intervir para barrar um projeto que ampliava os limites do MEI e do Simples Nacional, medida que, segundo ele, dobraria o custo fiscal e agravaria o desequilíbrio da Previdência.

“O Congresso, historicamente identificado como uma Casa de centro-direita, perdeu a capacidade de organizar uma pauta alternativa que apresente soluções consistentes”, concluiu.