14 de outubro de 2025 - 18h30

Brasil registra 34 casos de sarampo em 2025 e Ministério da Saúde emite alerta nacional

Queda na cobertura vacinal acende alerta sobre risco de reintrodução do vírus; Tocantins, Maranhão e Mato Grosso estão em surto

ALERTA
Brasil registra 34 casos de sarampo - (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo)

O Ministério da Saúde emitiu um alerta nacional nesta segunda-feira (13) após a confirmação de 34 casos de sarampo no Brasil em 2025. O comunicado pede que estados e municípios reforcem a vigilância e intensifiquem as ações de prevenção, principalmente a vacinação. A preocupação é com a possibilidade de reintrodução sustentada do vírus no país.

Segundo dados do ministério, dos casos confirmados até a Semana Epidemiológica 38 (entre 29 de setembro e 5 de outubro), nove foram importados por viajantes que retornaram do exterior, 22 são contatos diretos desses casos e três possuem perfil genético compatível com vírus em circulação em outros países.

Atualmente, os estados do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso estão classificados como em situação de surto de sarampo.

Casos em estados com baixa vacinação - O surto mais expressivo foi registrado em Campos Lindos, no Tocantins, após o retorno de quatro brasileiros que estiveram na Bolívia. A cidade apresenta baixa cobertura vacinal, o que favoreceu a rápida propagação do vírus.

No Maranhão, uma mulher de 46 anos, não vacinada, residente em Carolina, teve contato com moradores de Campos Lindos e também contraiu a doença. Já em Mato Grosso, o surto começou em Primavera do Leste, com três pessoas da mesma família infectadas após viagem à Bolívia — todas não vacinadas.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, alertou para o risco crescente devido à queda na cobertura vacinal. “Antes, o vírus até chegava, mas encontrava uma população vacinada. Hoje, ele encontra um cenário de vulnerabilidade”, destacou.

Cobertura vacinal está abaixo da meta - Dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) apontam que, em 2024, o Brasil atingiu 95,7% de cobertura da primeira dose da vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), e 74,6% da segunda. No entanto, em 2025, houve queda: a primeira dose caiu para 91,2%, mantendo-se abaixo da meta de 95%; a segunda permaneceu em 74,6%.

Para o Ministério da Saúde, esse cenário evidencia a necessidade de campanhas mais eficazes, especialmente em municípios onde os índices estão muito abaixo da média. A heterogeneidade dos dados por região também é um desafio. “Em alguns estados, como o Rio de Janeiro, a cobertura da capital é boa, mas quando se analisa o estado como um todo, ele aparece entre os piores do país”, explica Ballalai.

Outro fator apontado pela especialista é a percepção de risco: “Se as pessoas não enxergam o risco, não se sentem motivadas a vacinar. Quando há um surto, como aconteceu com a febre amarela, a procura pela vacina aumenta repentinamente”, afirmou.

Cenário global preocupa - O Brasil não é o único país em alerta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 164 mil casos de sarampo foram confirmados em 2025 em 173 países. As regiões com maior número de casos são o Mediterrâneo Oriental (34%), África (23%) e Europa (18%).

Na América do Sul, Bolívia (320 casos), Paraguai (50), Peru (4) e Argentina (35) registram surtos ativos, o que aumenta o risco de importação do vírus para o Brasil.

Na América do Norte, os maiores números foram registrados no Canadá (5.006 casos), México (4.703) e Estados Unidos (1.514).

Reforço à vacinação é a principal estratégia - O Ministério da Saúde reforça que a vacinação é a única forma eficaz de prevenir o sarampo. A tríplice viral está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças, adolescentes e adultos não imunizados.

Com o avanço dos casos, estados e municípios devem intensificar as campanhas, realizar busca ativa por não vacinados e adotar estratégias locais para ampliar a cobertura. A meta nacional segue sendo atingir ao menos 95% de cobertura vacinal nas duas doses.