Polícia prende seis por falsificação de bebidas em SP; rede pode ter atuado em seis estados
Operação Poison Source identificou esquema de falsificação com garrafas, rótulos e lacres falsos; bebidas adulteradas eram vendidas a preços baixos
CRIME ORGANIZADOSeis pessoas foram presas na manhã desta terça-feira, 14 de outubro, em São Paulo, por participação em uma rede criminosa especializada na falsificação e adulteração de bebidas alcoólicas. A ação faz parte da Operação Poison Source ("fonte do veneno"), deflagrada pela Polícia Civil do Estado em oito cidades paulistas. Um dos presos também foi autuado por porte ilegal de armas.
Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão na capital paulista e em Santo André, Poá, São José dos Campos, Santos, Guarujá, Presidente Prudente e Araraquara. Em pelo menos 13 desses endereços, as autoridades localizaram bebidas suspeitas de adulteração, algumas já testadas e outras que ainda passarão por análise laboratorial.
Esquema nacional e sofisticado - Segundo a delegada Leslie Caran Petrus, coordenadora da operação, o ponto de partida das investigações foi a prisão de um dos principais fornecedores de insumos falsificados do país, ocorrida há cerca de dez dias.
“Ele vendia garrafas com rótulos, tampinhas e lacres idênticos aos originais, praticamente impossíveis de identificar como falsos. A partir daí, mapeamos os compradores e estamos executando os mandados contra eles hoje”, explicou a delegada.
As investigações revelaram que os suspeitos sabiam da natureza fraudulenta dos produtos e operavam conscientemente no mercado paralelo. “Todos têm plena consciência de que falsificam as bebidas e vendem por um valor bem abaixo do preço de mercado”, acrescentou.
Além dos materiais falsificados, os criminosos utilizavam bebidas de baixa qualidade para envasar nas garrafas com selos e marcas conhecidas. Foram identificados pagamentos, conversas e registros de envio de insumos — com indícios de que a rede abastecia também outros seis estados brasileiros.
Combate ao metanol e reforço da fiscalização - A Operação Poison Source é mais uma ação do gabinete de crise criado pelo Governo de São Paulo após a série de intoxicações por metanol registradas no estado. Desde o início das investigações, mais de 30 pessoas foram presas e ao menos 12 estabelecimentos foram interditados.
O delegado-geral de Polícia, Arthur Dian, destacou que a operação é parte de um esforço contínuo de fiscalização e repressão.
“Essa é mais uma operação dentre as muitas que já realizamos. Os testes feitos nas bebidas vão confirmar se há contaminação por substâncias tóxicas. O trabalho é intenso, e não vamos parar”, afirmou Dian.
A operação contou com a coordenação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), por meio da 1ª Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos da Divecar, e com apoio da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe).
Risco à saúde e venda em larga escala - Bebidas adulteradas representam um grave risco à saúde pública. Nos últimos meses, pelo menos cinco casos de suspeita de intoxicação por metanol estão sendo investigados no estado do Rio de Janeiro. Os produtos falsificados, por vezes vendidos em comércios informais, bares e eventos, chegam ao consumidor final sem qualquer controle de qualidade.
As autoridades alertam que as bebidas falsificadas geralmente são vendidas com preços muito abaixo do mercado, e que o consumidor deve desconfiar sempre que o valor parecer “bom demais para ser verdade”.
A polícia ainda trabalha para rastrear outros envolvidos e identificar a rota de distribuição dos produtos, que pode ter ramificações interestaduais.