Após protestos da torcida, Julio Casares fala em transparência e garante redução da dívida do SPFC
Presidente tricolor concede entrevista após quatro anos, descarta SAF e afirma que clube vive momento de equilíbrio financeiro
FUTEBOLSob pressão da torcida após protestos no MorumBis, o presidente do São Paulo, Julio Casares, quebrou o silêncio e concedeu uma coletiva no CT da Barra Funda nesta segunda-feira (14). O dirigente afirmou que o clube reduziu em R$ 57 milhões sua dívida e obteve superávit de R$ 20 milhões, garantindo que “o São Paulo está no caminho certo”.
Depois de mais de quatro anos sem conceder uma entrevista coletiva, Casares voltou a falar com a imprensa em um momento de tensão com os torcedores — alguns chegaram a levar um caixão com o rosto do dirigente ao estádio no último jogo em casa.
Apesar das críticas, o presidente demonstrou tranquilidade e disse entender as manifestações desde que ocorram de forma pacífica.
“O torcedor tem o direito de se expressar. Aceito as críticas com naturalidade, faz parte da cultura do futebol. O importante é que sejam pacíficas e respeitosas”, afirmou.
Casares iniciou sua fala prometendo maior transparência na comunicação com a imprensa e destacou que pretende aparecer mais vezes para prestar contas sobre as decisões do clube.
“Se cobramos transparência da CBF, também precisamos olhar para nós mesmos. Fiz essa reflexão e quero vir com mais frequência falar sobre o São Paulo”, declarou.
Finanças em destaque - O ponto central da coletiva foi o balanço financeiro. Segundo Casares, o relatório de janeiro a setembro mostra uma redução de R$ 57 milhões na dívida, que atualmente gira em torno de R$ 968 milhões, além de um superávit de R$ 20 milhões.
“Esse resultado mostra que estamos no caminho certo. Reduzir a dívida em R$ 57 milhões é muito importante, enquanto outros clubes têm aumentado seus débitos”, comemorou.
O dirigente explicou que, nos primeiros anos de sua gestão, foi necessário investir mais para tornar o time competitivo.
“O custo de ser competitivo gerou um aumento da dívida, mas também nos trouxe conquistas. Foram três títulos recentes — dois contra o Palmeiras (Supercopa e Paulista) e um contra o Flamengo (Copa do Brasil)”, lembrou.
Agora, a meta é buscar equilíbrio financeiro e fortalecer o trabalho de formação de jogadores da base, que deve ser um dos pilares da segunda metade de sua gestão.
Questionado sobre a possibilidade de o São Paulo se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), Casares negou que o tema esteja em discussão no momento.
“A SAF não pode ser uma decisão isolada. É algo complexo, que envolve o futuro do clube. O São Paulo não vai entregar a chave na mão de um dono. Temos outros caminhos, como a parceria da base com o fundo Galápagos, que já trouxe investimento sem tirar a autonomia do clube”, explicou.
Para ele, uma eventual SAF só faria sentido se o clube estivesse financeiramente saudável.
“Se um dia for o caso, que o São Paulo entre na mesa preparado, com dívida controlada e equilíbrio nas contas. Não é o momento”, reforçou.
Casares também comentou as cobranças vindas das arquibancadas, citando o rival Palmeiras como exemplo de que nem mesmo os líderes do futebol escapam de críticas.
“Todas as equipes passam por isso. Até o Palmeiras, líder do Brasileirão e semifinalista da Libertadores, teve protestos. Faz parte do futebol”, afirmou.
Sobre a política interna, o presidente disse ter um acordo com os demais grupos para evitar disputas até o fim do Brasileirão, priorizando o desempenho esportivo antes da eleição de 2026.
Planejamento para 2026 - Mesmo com as cobranças, o dirigente mantém o foco no planejamento a longo prazo. Segundo ele, o clube já projeta o orçamento para 2026 e trabalha com cenários realistas — de mais conservador a otimista — dependendo do desempenho no Brasileirão e da classificação à Libertadores.
“Não estamos contando apenas com a vaga na Libertadores. Trabalhamos com todos os cenários. O foco é o futebol e o objetivo maior é garantir estabilidade e crescimento sustentável”, disse.