Presídio feminino em MS entrega 123 perucas a mulheres em tratamento contra o câncer
Iniciativa realizada em Campo Grande integra trabalho prisional, doação de 40 kg de cabelo e valorização humana
SOLIDARIEDADEEm outubro, mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, em Campo Grande, realizou a entrega de 123 perucas, confeccionadas por internas do setor de artesanato da unidade, a mulheres em tratamento oncológico. A ação simboliza a união entre o trabalho prisional, o compromisso social e o cuidado com a vida.
A ação é fruto da parceria entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), a Receita Federal do Brasil e a Rede Feminina de Combate ao Câncer, vinculada ao Hospital Alfredo Abrão. Além das perucas, foram doados 40 kg de cabelos humanos apreendidos pela Receita, que servirão de matéria-prima para novas confecções.
Durante o evento, ocorrido no dia 7, representantes das instituições e as internas participaram da cerimônia. A presidente da Rede Feminina, Rosana Aguilar Macedo, ressaltou o impacto emocional: “Essas perucas representam autoestima e esperança… muitas mulheres chegam até nós fragilizadas e saem com um sorriso no rosto.”
O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, destacou o significado do trabalho prisional além dos muros: “As internas dedicam talento a algo que leva amor, autoestima e solidariedade. Isso mostra que o sistema prisional pode ser um agente de transformação.”
O delegado da Receita Federal em Campo Grande, Zumilson Custódio da Silva, afirmou que o órgão revisita a destinação de materiais apreendidos. “Esses materiais, que antes iriam para leilões, agora viram solidariedade, dignidade”, disse, citando a postura adotada por meio do programa Receita Cidadã.
A diretora da unidade penal, Mari Jane Boleti Carrilho, agradeceu o engajamento das instituições parceiras e destacou que “a entrega das perucas representa um gesto de grande valor humano e solidário”, ação que ocorreu com apoio voluntário da instrutora Dirce Ramos.
Para a presidente do Hospital Alfredo Abrão, Sueli Lopes Telles, as perucas representam mais que um acessório: devolvem confiança a quem enfrenta o tratamento. Ela lembrou que o hospital é responsável por 72% dos atendimentos oncológicos do Estado e elogiou a parceria com a Rede Feminina e voluntários do SUS.
Entre as falas emocionadas, a voluntária e beneficiária Amanda Serafini compartilhou sua trajetória: “Perder o cabelo é um dos momentos mais difíceis... receber uma peruca devolve autoestima e vontade de lutar.” O evento foi prestigiado ainda por autoridades como a diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, Maria de Lourdes Delgado Alves, e o diretor de Operações, Flávio Rodrigues.
Ao encerrar, ficou evidente que ações assim comprovam que o trabalho prisional pode gerar empatia, dignidade e novas perspectivas — tanto para quem produz quanto para quem recebe.