Marina Silva aposta em TFFF e REDD+ para financiar 60% da meta de desmatamento zero até 2030
Ministra defende maior aporte para conservação de florestas e oceanos e propõe alinhamento das metas climáticas ao limite de 1,5°C
MEIO AMBIENTEA ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que dois mecanismos internacionais de financiamento ambiental — o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e o REDD+ — poderão ser responsáveis por cobrir até 60% dos custos necessários para atingir a meta de desmatamento zero no Brasil até 2030.
A estimativa foi apresentada durante uma reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em 2025. Segundo Marina, esses instrumentos podem movimentar cerca de US$ 9 bilhões por ano, valor considerado essencial para alcançar os objetivos climáticos traçados pelo Brasil.
"Os recursos destinados à proteção florestal estão muito aquém do necessário. Para preencher essa lacuna, precisamos mobilizar um menu de ações concretas de financiamento para a natureza", destacou a ministra.
O TFFF, iniciativa que vem ganhando protagonismo nas discussões globais, prevê recompensas financeiras para países que preservam suas florestas tropicais. Já o REDD+ — Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal — atua no incentivo à conservação ambiental, ao manejo sustentável e à regeneração de áreas florestais, gerando créditos de carbono que podem ser negociados no mercado internacional.
Segundo Marina Silva, o reforço a essas duas ferramentas é fundamental para que os países consigam acelerar suas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, especialmente em nações que abrigam grandes áreas de florestas tropicais.
Conservação dos oceanos também é pauta prioritária - Além da questão florestal, Marina fez um alerta sobre a subvalorização da conservação marinha na agenda climática global. Segundo ela, os oceanos desempenham um papel crucial ao absorverem boa parte do dióxido de carbono (CO) da atmosfera e ao influenciarem diretamente no equilíbrio do clima.
Apesar disso, os investimentos destinados à proteção dos ecossistemas oceânicos somam apenas US$ 1,2 bilhão ao ano — uma fração do que seria necessário. "Seriam precisos pelo menos US$ 16 bilhões anuais", afirmou a ministra.
Ela defendeu que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — os compromissos que cada país assume no âmbito do Acordo de Paris — também incorporem ações voltadas ao oceano, o que chamou de “NDCs azuis”.
"A proteção do oceano é parte inseparável da agenda climática e, portanto, as NDCs precisam ser também 'azuis'. Fazemos um chamado para que todos entreguem suas NDCs, alinhadas ao 1,5°C", disse Marina, em referência à meta de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius.
Avanço com desafios - Mesmo com os avanços nas negociações multilaterais e a crescente mobilização financeira global, a ministra destacou que o Brasil e outros países em desenvolvimento ainda enfrentam grandes desafios para alcançar os recursos necessários. O protagonismo de instrumentos como TFFF e REDD+ pode ser decisivo para criar caminhos sustentáveis e efetivos, tanto para conter o desmatamento quanto para preservar os oceanos e ecossistemas associados.
As falas de Marina Silva ocorrem em um momento estratégico, às vésperas da COP30, e reforçam o papel do Brasil como ator central nas discussões ambientais internacionais.