Cachaças de alambique terão novo selo de origem a partir de 2026
Medida busca reforçar rastreabilidade e dar mais segurança ao consumidor após casos de contaminação por metanol
METANOLDiante do aumento dos casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol no Brasil, a Associação Nacional da Cachaça de Alambique (Anpaq) anunciou que implementará um novo selo de origem e autenticidade para as cachaças artesanais produzidas em alambique. A medida entra em vigor a partir do início de 2026.
O novo selo busca ampliar a rastreabilidade do produto, assegurando ao consumidor a procedência e a qualidade da bebida. Atualmente, já existe um selo que atesta a origem das cachaças, mas a nova versão trará melhorias no controle e na identificação dos lotes.
Segundo a Anpaq, a iniciativa é uma resposta direta às recentes denúncias e casos confirmados de intoxicação por metanol — substância tóxica usada de forma ilegal para adulterar bebidas alcoólicas — que colocaram em alerta os órgãos de saúde e os produtores do setor.
Conforme atualização do Ministério da Saúde divulgada na sexta-feira (10), o Brasil já soma 29 casos confirmados de intoxicação por metanol, um aumento de cinco ocorrências em relação ao boletim anterior. Todos os casos têm relação com bebidas contaminadas, e cinco mortes foram registradas, todas no estado de São Paulo.
Ainda há 217 ocorrências em investigação e 249 foram descartadas após análise laboratorial. O governo federal informou também que adquiriu 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol, utilizado no tratamento das intoxicações. Desse total, 1,5 mil já estão sendo distribuídas aos estados, com prioridade para São Paulo, que concentra o maior número de casos. As outras mil unidades permanecem em estoque para situações emergenciais.
A Anpaq reforça que o selo de origem representa um compromisso com a integridade da produção artesanal brasileira, além de um instrumento importante para combater o mercado ilegal. A expectativa é de que o novo selo funcione como um QR Code que permitirá ao consumidor verificar instantaneamente, via celular, todas as informações sobre a bebida — desde o local de produção até dados do lote.
O setor da cachaça artesanal, que movimenta a economia em diversas regiões do país, teme os efeitos negativos da adulteração de bebidas no consumo. A contaminação com metanol ocorre, em geral, por práticas criminosas de falsificação que comprometem a saúde pública e prejudicam produtores sérios.
Especialistas alertam que o metanol é altamente tóxico e, quando ingerido, pode causar desde náuseas e vômitos até cegueira e morte, dependendo da quantidade consumida. Por isso, a orientação é que consumidores adquiram bebidas apenas de fabricantes regularizados e com selo de qualidade visível no rótulo.
Com a medida da Anpaq, o Brasil avança para garantir mais segurança ao consumidor e transparência à cadeia produtiva da cachaça de alambique, patrimônio cultural e histórico do país.