COP30: enviado especial cobra posição da União Europeia sobre metas climáticas e fundo florestal
André Guimarães critica ausência de compromissos europeus às vésperas da Conferência da ONU em Belém
MEIO AMBIENTEO enviado especial da sociedade civil para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), André Guimarães, cobrou nesta segunda-feira (13) uma posição mais clara da União Europeia sobre seus compromissos climáticos e o apoio financeiro à preservação de florestas tropicais. Segundo Guimarães, o bloco ainda não apresentou suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), documento que define as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa de cada país.
Além disso, também não houve até o momento confirmação de que os europeus pretendem participar do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo proposto pelo Brasil com base em investimentos sustentáveis e de longo prazo, em vez de doações pontuais.
Guimarães, que também é diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), fez as declarações durante os encontros preparatórios da COP30, que estão sendo realizados com a presença de cerca de 70 delegações internacionais.
Sul Global toma a frente das articulações - Durante as reuniões, países como China, Paquistão, Índia e África do Sul — representantes do chamado Sul Global — já manifestaram intenções de colaboração, incluindo a possível adesão ao TFFF. A China, embora ainda não tenha apresentado formalmente sua nova NDC, sinalizou que está preparando o documento e deve divulgá-lo antes da realização da COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA).
O comportamento da União Europeia, no entanto, contrasta com sua postura tradicional de protagonismo nas negociações climáticas. “A Europa, historicamente, é uma líder da agenda climática. Então, esperava-se muito uma manifestação”, afirmou Guimarães, que lamentou o “silêncio” do bloco. “Entenda-se que há disputas tarifárias que pesaram, há guerras acontecendo, inclusive, nas circunvizinhas da Europa. Tudo isso tem que ser considerado nessa equação. Agora, o fato concreto é que não apresentaram e há uma expectativa de que apresentem seus compromissos.”
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre é uma das principais propostas em discussão para a COP30. Ele visa mobilizar recursos de longo prazo para garantir a conservação de biomas como a Amazônia, o Congo e as florestas tropicais do Sudeste Asiático. A ideia é atrair aportes de países desenvolvidos com base em retorno ambiental garantido e resultados mensuráveis.
Guimarães enfatizou que o modelo representa uma mudança importante na lógica de financiamento climático global, ao focar em investimento estruturado e não em caridade. “A floresta não pode depender só de doação. É preciso pensar em como remunerar quem a mantém em pé”, destacou.
Expectativa para a COP30 em Belém - A Conferência de Belém é considerada estratégica para a diplomacia ambiental do Brasil. Será a primeira vez que a Amazônia receberá uma COP da ONU, e o governo brasileiro tem trabalhado para que a edição marque um novo capítulo nas negociações globais sobre clima, com protagonismo de países em desenvolvimento.
Até o momento, os principais avanços nas negociações prévias têm vindo de países do Sul Global, enquanto as nações ricas, especialmente da Europa, ainda demonstram hesitação quanto ao detalhamento de compromissos.