Lavínia Kaucz | 12 de outubro de 2025 - 19h45

Lula pede ação direta na Caixa e cobra apoio de partidos do Centrão

Segundo José Guimarães, presidente quer que Gleisi Hoffmann desfaça indicações políticas que não têm contribuído com o governo no Congresso

MEXER NO VESPEIRO
Lula cobra apoio do Centrão e manda Gleisi reorganizar cargos na Caixa por falta de retorno político. - (Foto: ABrasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou uma intervenção direta nos cargos de direção da Caixa Econômica Federal, segundo revelou o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara. A decisão foi motivada pela insatisfação do Palácio do Planalto com a postura de partidos do Centrão, que indicaram nomes para a estatal, mas não têm oferecido o apoio esperado nas votações no Congresso.

Em entrevista ao podcast As Cunhãs, Guimarães contou que Lula pediu à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que "agilizasse" mudanças na Caixa: "O presidente disse: ‘Gleisi, você agilize e mexa no vespeiro da Caixa Econômica para começar’", relatou o deputado.

Segundo ele, Gleisi respondeu que não irá apenas discutir, mas agir: “A ministra me disse com todas as letras: ‘eu não vou discutir, eu vou fazer’. Já tenho notícias de que mandou tirar; já recebi telefonemas”, afirmou.

Presidente da Caixa foi indicado por Arthur Lira - O atual presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira Fernandes, foi indicado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Embora elogie a competência de Vieira, Guimarães pontua que a atuação política da direção da estatal não tem sido suficiente: "O cara é competente, o Lula gosta dele, mas...".

O líder do governo também destacou que todas as nove vice-presidências da Caixa e suas superintendências estaduais foram preenchidas com indicações políticas. Partidos como PL, Republicanos, PDT, Rede e Podemos controlam uma vice-presidência cada.

Há, no entanto, uma exceção que Lula faz questão de manter: Inês Magalhães, ligada ao programa Minha Casa Minha Vida. “Tem uma que o Lula não deixa tirar, que é dele, que é a Inês”, relatou Guimarães.

Nova fase e foco em 2026 - Durante a entrevista, o deputado também comentou o momento político vivido pelo governo. Segundo ele, a melhora na avaliação de Lula – que alcançou 48% de aprovação segundo a última pesquisa Genial/Quaest – sinaliza o início de uma "nova fase".

"O governo, na minha opinião, não tem que inventar muita coisa para ir ao Congresso; pouca coisa para não ter problema. Votar o orçamento, três projetos importantes, e ligar o modo eleições 2026", avaliou.

Ele também criticou a derrubada da Medida Provisória que tratava do IOF, classificada por ele como sabotagem política: "Fazem isso só para atrapalhar o Lula. O Lula tem dito: quero ver na campanha essas pessoas pedirem apoio pra mim".

Guimarães acredita que Lula agora "acertou o passo" e deverá endurecer o jogo político: "Ele não vai mais tergiversar; o Congresso votou, ele veta. Que derrubem o veto".