Lavínia Kaucz | 12 de outubro de 2025 - 17h15

Alckmin vê avanço em negociação com Trump para fim de tarifaço contra produtos brasileiros

Vice-presidente aposta em diálogo direto entre Lula e presidente dos EUA para suspender tarifa de 40% e ampliar parceria bilateral

COMÉRCIO EXTERIOR
Alckmin vê espaço para entendimento com os EUA e aposta na suspensão das tarifas sobre produtos brasileiros. - Foto: Wilton Junior/Estadão

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, demonstrou otimismo neste domingo (12) quanto à possibilidade de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aceitar o pedido do Brasil para suspender a tarifa de 40% imposta sobre produtos brasileiros. A solicitação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em conversa telefônica com o mandatário norte-americano na semana passada.

"O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi que, enquanto negocia, suspenda os 40%. Esse foi o pleito. Aí temos um ganha-ganha", afirmou Alckmin a jornalistas após participar de uma missa no Santuário Nacional de Aparecida (SP), no Dia de Nossa Senhora Aparecida.

Alckmin ressaltou que há espaço para uma parceria estratégica entre Brasil e EUA e destacou avanços recentes nas negociações comerciais: "A celulose saiu do tarifaço, hoje celulose e ferro-níquel já estão com 0% de tarifa. Isso representa 4% da exportação brasileira. Na semana passada, madeira serrada e macia caiu de 50% para 10%, e móveis, de 50% para 25%."

O vice-presidente defendeu a aceleração das negociações: "O que nós precisamos é avançar mais depressa", reforçou.

Encontro pessoal pode destravar acordo - Há expectativa de que Lula e Trump se encontrem presencialmente no fim do mês, na Malásia, durante uma cúpula internacional. O primeiro contato entre os líderes ocorreu durante a Assembleia-Geral da ONU, e serviu para reabrir canais de diálogo entre os dois governos, após um período de tensões.

Questionado sobre a nomeação do senador Marco Rubio como interlocutor norte-americano nas tratativas, Alckmin minimizou eventuais impasses: "Não acredito que o nome atrapalhe o diálogo. A orientação do presidente Trump foi muito clara. O Brasil sempre defendeu o diálogo e o entendimento."

A indicação de Rubio, no entanto, gerou desconforto dentro do governo. O senador republicano é crítico do STF e já fez declarações duras contra o ministro Alexandre de Moraes, além de apoiar a aplicação da Lei Magnitsky — que prevê sanções por violações de direitos humanos — contra o magistrado e sua esposa.

Rubio também já se reuniu com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e fez críticas à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, manifestando apoio a setores da direita brasileira.

Apesar das polêmicas, o governo brasileiro mantém a aposta em uma abordagem diplomática e técnica nas negociações com os EUA.

Na mesma entrevista, Alckmin também comentou sobre os avanços do Brasil no combate à pobreza e celebrou a saída do país do Mapa da Fome da ONU. “É uma conquista importante, mas a tarefa nunca vai terminar. É importante cada dia avançar mais, no sentido de melhorar a qualidade de vida da nossa população”, afirmou.