AP | 12 de outubro de 2025 - 07h45

China reage a ameaça de tarifa de 100% de Trump e pede diálogo para evitar nova guerra comercial

Pequim diz não temer confronto tarifário e critica postura dos EUA em meio a impasse sobre exportação de terras raras

ECONOMIA
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping. - (Foto: Susan Walsh/AP)

A tensão comercial entre Estados Unidos e China voltou a subir neste domingo (12), após o governo chinês afirmar que não recuará diante da ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas de 100% sobre produtos chineses.

Em comunicado, o Ministério do Comércio da China pediu que as divergências entre as duas potências sejam resolvidas por meio de negociações, e não de ameaças. “A posição da China é consistente. Não queremos uma guerra tarifária, mas não temos medo de uma”, declarou o ministério.

Essa foi a primeira resposta oficial de Pequim à mais recente ameaça de Trump, que pretende elevar os impostos de importação até 1º de novembro. O anúncio americano veio em retaliação às novas restrições impostas pela China à exportação de terras raras, materiais essenciais para a produção de eletrônicos, equipamentos militares e veículos elétricos.

A troca de acusações reacende o risco de uma nova guerra comercial e pode colocar em risco um possível encontro entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping. Uma trégua entre os países havia sido firmada meses atrás, após anos de disputa que, em 2023, chegou a elevar tarifas para mais de 100% de ambos os lados.

Desde que reassumiu o cargo em janeiro, Trump tem ampliado barreiras comerciais contra diversos parceiros, buscando obter concessões em negociações internacionais. No entanto, a China tem se mostrado resistente às pressões americanas, apoiada por sua influência econômica e posição estratégica no mercado global.

“Recorrer frequentemente à ameaça de altas tarifas não é a maneira correta de se relacionar com a China”, afirmou o Ministério do Comércio, destacando que eventuais preocupações devem ser tratadas “por meio do diálogo”.

A pasta também alertou que, caso Washington insista nas sanções, Pequim adotará medidas equivalentes para proteger seus interesses.

Além do aumento tarifário, Trump mencionou a possibilidade de impor controles de exportação sobre o que chamou de “software crítico”, sem detalhar o que isso inclui. Ambos os governos se acusam mutuamente de violar os termos da trégua comercial ao adotar novas restrições. Em publicação recente nas redes sociais, Trump afirmou que a China está “se tornando muito hostil” e “mantendo o mundo refém” ao restringir o acesso a metais e ímãs de terras raras.

O Ministério do Comércio da China rebateu as declarações e acusou os EUA de impor novas barreiras comerciais nas últimas semanas, como a expansão do número de empresas chinesas sujeitas a controles de exportação. Sobre as terras raras, Pequim ressaltou que as licenças de exportação continuarão sendo concedidas para usos civis legítimos, mas reconheceu que o material também tem aplicações militares.

As novas regras chinesas exigem que empresas estrangeiras solicitem autorização do governo para exportar produtos que contenham terras raras de origem chinesa, independentemente de onde tenham sido fabricados.

Atualmente, a China responde por cerca de 70% da mineração mundial de terras raras e controla 90% do processamento global, o que a torna peça-chave no fornecimento desses minerais estratégicos. As restrições impostas por Pequim já estão afetando fabricantes da Europa, dos Estados Unidos e de outras regiões que dependem desse material.

O comunicado chinês também criticou o avanço das novas taxas portuárias dos EUA sobre navios chineses, que entram em vigor nesta terça-feira. Em retaliação, Pequim anunciou que também aplicará tarifas a embarcações americanas.

A escalada das tensões amplia as incertezas sobre as relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo, num momento em que ambos os países tentam equilibrar pressões internas e manter a estabilidade global.