Professor da UEMS transforma fungo do Pantanal em produto que melhora a agricultura e vence prêmio
Tiago cresceu ajudando o pai no rio e na lavoura. Hoje é pesquisador e criou uma solução que ajuda agricultores a produzir mais, sem usar veneno.
CIÊNCIA DO PANTANALTiago Calves Nunes nasceu em Aquidauana, no interior de Mato Grosso do Sul. Quando era criança, ajudava o pai, que era pescador, e também ia com ele para a lavoura de arroz. Foi assim que cresceu: entre o rio e o campo.
Hoje, Tiago é professor e pesquisador na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Ele criou uma solução que pode ajudar muitos produtores rurais: um produto natural feito a partir de um fungo do Pantanal que melhora o solo e faz a plantação crescer mais, sem usar agrotóxicos.
Com essa ideia, ele venceu a etapa Centro-Oeste do Prêmio Finep de Inovação 2025, um dos principais prêmios de ciência e tecnologia do Brasil. Em dezembro, Tiago vai representar o Estado na final nacional, que será em Brasília.
“Eu lembrei do menino que ajudava o pai no rio e sonhava em estudar. A educação muda tudo”, disse Tiago, emocionado, ao receber o prêmio.
O produto melhora o solo e aumenta a produção sem usar agrotóxicos.
De estudante a empreendedor - Tiago foi o primeiro da família a fazer faculdade. Ele estudou Agronomia, fez mestrado, doutorado e até estudou fora do país. Mas voltou para sua cidade com uma missão: usar o que aprendeu para melhorar a vida das pessoas.
Em 2023, ele criou a Pantabio, uma startup (empresa nova de tecnologia) que desenvolve o produto natural feito com um fungo típico do Pantanal. Esse fungo ajuda o solo a ficar mais saudável, protege as plantas de doenças e aumenta a produção.
Os resultados já são visíveis: em testes, o uso do bioinsumo aumentou em até 20 sacas de soja e 23 sacas de feijão por hectare.
A startup já trabalha com produtores de várias cidades do interior do Estado, como Aquidauana, Nioaque, Miranda, Maracaju, Bonito e Dourados.
Próximo passo: biofábrica - Agora, Tiago quer montar uma fábrica em Aquidauana para produzir o bioinsumo em maior escala e atender ainda mais agricultores.
“A gente quer mostrar que é possível fazer ciência no Pantanal e ajudar quem planta, sem destruir a natureza”, explica Tiago.
Ele divide o trabalho com a professora Mercia Celoto, sua sócia e pesquisadora da UEMS. Juntos, coordenam estudantes e outros cientistas da universidade.
Representando o Pantanal - A conquista do prêmio é um orgulho para Tiago, que agora leva o nome de Mato Grosso do Sul e do Pantanal para a final nacional, que acontece em Brasília, no Palácio do Planalto. “Nosso produto é regional, natural e funciona. Mostrar isso pro Brasil já é uma vitória. Mas queremos trazer esse troféu pra casa”, diz.