Gabriel Damasceno | 10 de outubro de 2025 - 22h00

Escarlatina: atenção aos sinais em crianças no segundo semestre

Febre, dor de garganta e erupções cutâneas alertam para a doença que tem aumento sazonal entre 5 e 15 anos

ATENÇÃO
Dor de garganta é um dos sintomas da escarlatina. - (Foto: Robert Kneschke/Adobe Stock)

Pais e professores devem ficar atentos a febre alta, dor de garganta e manchas vermelhas na pele em crianças de 5 a 15 anos, sinais que podem indicar escarlatina. A doença costuma se intensificar no segundo semestre do ano, em razão das mudanças de temperatura e maior permanência em ambientes fechados.

O pediatra Thales Araújo de Oliveira, gerente do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, relata que entre julho e agosto deste ano os atendimentos pela doença aumentaram quase 80% (de 64 para 116 casos), repetindo a tendência observada em 2024. Segundo ele, a circulação da bactéria causadora da escarlatina aumenta nesta faixa etária nessa época do ano.

O aumento não é exclusivo de São Paulo. Mudanças sazonais favorecem a transmissão da bactéria, explica Araújo, pois temperaturas mais baixas fazem as pessoas ficarem em ambientes fechados. No Hospital Samaritano, entre janeiro e setembro de 2025 foram registrados 100 casos, contra 120 no mesmo período de 2024, indicando estabilidade com variação sazonal esperada.

Importância da notificação

Embora a escarlatina não seja de notificação obrigatória, a pediatra Ana Maria Melo, do Samaritano Higienópolis, ressalta que escolas devem identificar e comunicar casos às secretarias de Saúde, contribuindo para a detecção de surtos.

O que é escarlatina?

A escarlatina é uma infecção bacteriana aguda causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A, que também provoca amigdalites e infecções de pele. A doença decorre da reação do organismo às toxinas da bactéria, por isso o mesmo agente pode causar diferentes sintomas em pessoas diferentes.

A transmissão ocorre por contato direto ou por gotículas de saliva e secreções, podendo vir de indivíduos doentes ou de portadores assintomáticos. Complicações renais e cardíacas podem surgir, especialmente em pacientes com deficiência imunológica ou em tratamento imunossupressor.

Prevenção

A identificação precoce é essencial para evitar a disseminação. Fique atento a sinais como:

Outras medidas de prevenção incluem:

Quem estiver com a doença deve ficar em casa para evitar a transmissão.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico inicial é clínico, baseado em febre, dor de garganta e erupções. A confirmação é feita em laboratório, por coleta da garganta com swab.

O tratamento indicado geralmente é a amoxicilina por 10 dias. Após 24 horas de uso do antibiótico, a criança deixa de transmitir a bactéria. Todo tratamento deve ser acompanhado por profissional de saúde.