Escarlatina: atenção aos sinais em crianças no segundo semestre
Febre, dor de garganta e erupções cutâneas alertam para a doença que tem aumento sazonal entre 5 e 15 anos
ATENÇÃOPais e professores devem ficar atentos a febre alta, dor de garganta e manchas vermelhas na pele em crianças de 5 a 15 anos, sinais que podem indicar escarlatina. A doença costuma se intensificar no segundo semestre do ano, em razão das mudanças de temperatura e maior permanência em ambientes fechados.
O pediatra Thales Araújo de Oliveira, gerente do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, relata que entre julho e agosto deste ano os atendimentos pela doença aumentaram quase 80% (de 64 para 116 casos), repetindo a tendência observada em 2024. Segundo ele, a circulação da bactéria causadora da escarlatina aumenta nesta faixa etária nessa época do ano.
O aumento não é exclusivo de São Paulo. Mudanças sazonais favorecem a transmissão da bactéria, explica Araújo, pois temperaturas mais baixas fazem as pessoas ficarem em ambientes fechados. No Hospital Samaritano, entre janeiro e setembro de 2025 foram registrados 100 casos, contra 120 no mesmo período de 2024, indicando estabilidade com variação sazonal esperada.
Importância da notificação
Embora a escarlatina não seja de notificação obrigatória, a pediatra Ana Maria Melo, do Samaritano Higienópolis, ressalta que escolas devem identificar e comunicar casos às secretarias de Saúde, contribuindo para a detecção de surtos.
O que é escarlatina?
A escarlatina é uma infecção bacteriana aguda causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A, que também provoca amigdalites e infecções de pele. A doença decorre da reação do organismo às toxinas da bactéria, por isso o mesmo agente pode causar diferentes sintomas em pessoas diferentes.
A transmissão ocorre por contato direto ou por gotículas de saliva e secreções, podendo vir de indivíduos doentes ou de portadores assintomáticos. Complicações renais e cardíacas podem surgir, especialmente em pacientes com deficiência imunológica ou em tratamento imunossupressor.
Prevenção
A identificação precoce é essencial para evitar a disseminação. Fique atento a sinais como:
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Febre alta e mal-estar
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Dor de garganta intensa
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Língua em framboesa (vermelha e característica)
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Manchas vermelhas na pele, ásperas e descamativas
Outras medidas de prevenção incluem:
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Manter higienização das mãos
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Evitar compartilhar utensílios pessoais
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Ventilar bem os ambientes
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Respeitar a etiqueta respiratória
Quem estiver com a doença deve ficar em casa para evitar a transmissão.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico inicial é clínico, baseado em febre, dor de garganta e erupções. A confirmação é feita em laboratório, por coleta da garganta com swab.
O tratamento indicado geralmente é a amoxicilina por 10 dias. Após 24 horas de uso do antibiótico, a criança deixa de transmitir a bactéria. Todo tratamento deve ser acompanhado por profissional de saúde.