Circe Bonatelli, Geovani Bucci, Eduardo Laguna, Carol Aragaki e Gabriel de Sousa | 10 de outubro de 2025 - 11h15

Governo anuncia novo modelo de crédito imobiliário com uso livre da poupança

Mudanças ampliam recursos para financiamento da casa própria e aumentam limite de imóveis no SFH

ECONOMIA
Hoje, 65% dos depósitos da poupança são direcionados pelos bancos para financiamento imobiliário. - (Foto: Tiago Queiroz/tiago queiroz)

O governo federal oficializou nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário, que altera as regras de direcionamento dos recursos das cadernetas de poupança. O objetivo é ampliar a oferta de crédito para financiar a casa própria.

Atualmente, 65% dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são obrigatoriamente destinados ao crédito imobiliário, 20% ficam como depósito compulsório no Banco Central e 15% podem ser usados livremente pelos bancos. Com a mudança, a obrigatoriedade e os depósitos compulsórios, cerca de R$ 150 bilhões serão eliminados. O total de recursos na poupança passará a servir como referência para aplicações no setor habitacional.

No novo modelo, cada real de crédito imobiliário poderá ser sustentado pelo mesmo valor da poupança livremente por até cinco anos, prazo que pode ser prorrogado se novos financiamentos forem concedidos. Dos recursos liberados, 80% deverão ser aplicados no Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), com juros máximos de 12% ao ano, e 20% no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que opera com taxas de mercado. Além disso, o valor máximo do imóvel financiado pelo SFH sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

O novo modelo entra em vigor integralmente em janeiro de 2027. Até lá, haverá fase de transição, com redução temporária do compulsório de 20% para 15% para as instituições que aderirem à iniciativa, liberando entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões em crédito imobiliário adicional.

Segundo o governo, a medida maximiza a poupança como fonte de financiamento, aumentando a oferta de crédito para quem deseja comprar imóvel, incluindo captações de mercado via Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

O principal beneficiado serão famílias de classe média, com renda acima de R$ 12 mil por mês, que enfrentavam juros médios de 13% ao ano. Para famílias de menor renda, seguem os créditos subsidiados pelo programa Minha Casa Minha Vida.