Iury de Oliveira | 10 de outubro de 2025 - 09h00

Mato Grosso do Sul amplia fronteiras no agro com novas cadeias produtivas

Além da soja, milho e pecuária, Estado se destaca na produção de amendoim, suínos, frangos e frutas, impulsionando a economia e a inclusão rural

AGRONEGÓCIO
Presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Eduardo Monreal

Mato Grosso do Sul está vivendo um momento de transformação no campo. Tradicionalmente reconhecido pela força da soja, do milho e da pecuária, o Estado começa a diversificar sua produção agropecuária, abrindo espaço para novas culturas e cadeias produtivas que já mostram resultados econômicos expressivos. Amendoim, carne suína, avicultura, citricultura, silvicultura e agroindústria ganham força e sinalizam um novo perfil para o agronegócio sul-mato-grossense: mais moderno, sustentável e competitivo.

Essa mudança no cenário rural vai além das lavouras. Ela tem impacto direto na geração de emprego, renda e desenvolvimento nas regiões do interior. Em 2024, os produtos do agro somaram US$ 9,9 bilhões em exportações, gerando um superávit comercial de US$ 7,16 bilhões, segundo dados do Sistema Famasul.

Entre as novidades que mais crescem no campo, está o cultivo do amendoim. Em ritmo acelerado, a cultura já colocou o Estado como o segundo maior produtor do país, com 100 mil toneladas colhidas na safra 2024/2025. O grão vem sendo adotado em sistemas de rotação com soja e milho, o que melhora a qualidade do solo e reduz custos, com ganhos ambientais e produtivos. A aposta também passa pela industrialização: o aumento do processamento local de amendoim favorece a instalação de agroindústrias, gerando mais empregos e agregando valor à cadeia.

Outro setor em alta é o de proteína animal. A suinocultura, que já ocupa posição de destaque no cenário nacional, projeta abater 3,8 milhões de cabeças em 2025. O Estado conta com 121 mil matrizes e mantém uma produção baseada em sistemas integrados e protocolos de biossegurança. A geração de energia limpa a partir dos dejetos, como biogás e biofertilizantes, é uma realidade em várias granjas, ampliando a sustentabilidade da atividade.

Na avicultura, os números também impressionam. Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 175,9 milhões de frangos abatidos, ocupando o 7º lugar no ranking nacional. O desempenho é fruto de investimentos em genética, modernização das granjas e ampliação de frigoríficos voltados à exportação.

A citricultura também começa a ganhar espaço, com a instalação de pomares de laranja em diversas regiões do Estado. Embora ainda seja uma cadeia em formação, o setor já aponta para potencial de crescimento, tanto para abastecimento interno quanto para o mercado industrial.

O crescimento produtivo tem sido acompanhado por investimentos em infraestrutura, essenciais para a competitividade. A construção da Rota Bioceânica — com ponte entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai) — deve começar a operar ainda em 2025, conectando o Brasil ao Oceano Pacífico por meio do Chile. O novo corredor logístico promete reduzir distâncias e custos para as exportações do agronegócio sul-mato-grossense.

A diversificação do agro impulsiona indicadores econômicos positivos em todo o Estado. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o PIB estadual alcançou R$ 190 bilhões em 2024, com crescimento de 6,6% — o terceiro maior do país. Para 2025, a projeção é de nova alta, de 4,8%, a maior entre todos os estados brasileiros.

Mato Grosso do Sul também apresenta indicadores sociais sólidos: tem a menor taxa de desemprego da região Centro-Oeste (3,7%), um dos menores índices de extrema pobreza do país (2%) e a maior taxa de investimento público nacional (15,3%).

Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Eduardo Monreal, o cenário é de mudança estrutural. “Mato Grosso do Sul vive um momento de virada. Se por muitos anos fomos sinônimo apenas de soja, milho e gado, agora as experiências que vemos em amendoim, suínos, aves e até em pomares de laranja mostram que estamos construindo uma nova base para o futuro. Diversificação não é apenas uma tendência, é o caminho para garantir estabilidade, valor agregado e prosperidade para quem vive no campo”, afirma.

Com um setor agro cada vez mais plural, Mato Grosso do Sul mostra que ir além dos “gigantes” da produção é também uma estratégia para um futuro mais equilibrado e promissor.