Cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor e marca início da retirada das tropas israelenses
Acordo mediado por Donald Trump prevê libertação de reféns e prisioneiros, entrada de ajuda humanitária e reposicionamento das forças israelenses após dois anos de guerra
GAZAO acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas entrou em vigor ao meio-dia desta sexta-feira (10) no horário local — 6h da manhã pelo horário de Brasília. Após a aprovação do pacto pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, as tropas israelenses começaram a recuar e se reposicionar dentro da Faixa de Gaza, respeitando as linhas estabelecidas no plano de trégua.
Logo após o anúncio, milhares de palestinos reunidos em Wadi Gaza, no centro do território, seguiram em direção ao norte, onde esperam poder retornar às áreas antes isoladas pelos confrontos. Horas antes da trégua, testemunhas relataram intensos bombardeios em Gaza, o que aumentou o clima de tensão.
A aprovação do plano proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa um marco para o fim de uma guerra de dois anos que devastou Gaza e desestabilizou toda a região do Oriente Médio.
Em comunicado divulgado durante a madrugada, o gabinete israelense informou que aprovou o “esboço de um acordo para libertar reféns”, sem detalhar os pontos mais sensíveis da negociação.
Um oficial israelense ouvido pela Associated Press (AP) afirmou que o Exército de Israel manterá o controle sobre cerca de 50% da Faixa de Gaza, conforme o mapa traçado no novo acordo.
O líder político do Hamas, Khalil al-Hayya, confirmou que o pacto inclui a libertação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, entre eles todas as mulheres e crianças detidas em prisões israelenses. Israel, por sua vez, deve receber de volta todos os reféns ainda mantidos em cativeiro, dos quais 20 estão vivos, segundo estimativas oficiais.
O acordo também prevê:
- Reabertura da passagem de Rafah, na fronteira entre Egito e Gaza, nos dois sentidos;
- Entrada de ajuda humanitária em larga escala;
- Retirada gradual das tropas israelenses das áreas mais afetadas pelos combates.
Al-Hayya afirmou ainda que o governo Trump e os mediadores do Egito, Catar e Turquia garantiram que a guerra chegou ao fim. “Declaramos hoje que chegamos a um acordo para acabar com a guerra e a agressão contra nosso povo”, afirmou em discurso televisionado.
Os Estados Unidos devem enviar cerca de 200 militares a Israel para ajudar no monitoramento do cessar-fogo, como parte de uma missão internacional.
O acordo atual cobre apenas parte dos 20 pontos do plano proposto por Trump. Temas como o governo de Gaza no pós-guerra e o desarmamento do Hamas ficaram para uma segunda fase de negociações. “Haverá desarmamento. Também haverá retirada das forças israelenses”, afirmou Trump a repórteres na quinta-feira.
Tanto israelenses quanto palestinos celebraram o anúncio. Em Tel-Aviv, a Praça dos Sequestrados foi tomada por familiares de reféns, que ergueram bandeiras de Israel e dos Estados Unidos.
“Se eu tenho um sonho, é ver meu filho dormindo em sua própria cama”, disse Einav Zangauker, mãe de um dos reféns israelenses, emocionada.
Mesmo com incertezas sobre as próximas etapas, o cessar-fogo representa o primeiro passo concreto rumo ao fim do conflito, após dois anos de violência e perdas humanas na região.