Fonte: Associated Press. | 10 de outubro de 2025 - 07h30

Congresso do Peru destitui Dina Boluarte por "incapacidade moral permanente"

Presidente perde apoio político em meio ao avanço da criminalidade e é substituída pelo chefe do Congresso, José Jerí

CRISE NO PERU
A presidente do Peru, Dina Ercilia Boluarte. - (Foto: REUTERS/Yves Herman)

O Congresso do Peru aprovou na noite desta quinta-feira (9) a destituição da presidente Dina Boluarte, sob a acusação de “incapacidade moral permanente”. A decisão ocorre em meio à pior crise política desde sua posse, agravada pelo aumento da criminalidade e perda de apoio partidário.

Com a saída de Boluarte, de 63 anos, o cargo deve ser assumido pelo presidente do Congresso, José Jerí, que fica à frente do governo interinamente até a convocação das novas eleições.

Durante o dia, os partidos Força Popular, Aliança para o Progresso e Renovação Popular — que até então garantiam sustentação ao governo — anunciaram apoio às moções de destituição. À noite, quatro pedidos foram aprovados, selando a saída da presidente.

Poucas horas antes da votação, Boluarte havia afirmado que pretendia cumprir o mandato até julho de 2026, conforme previsto, e que as eleições gerais continuam marcadas para abril.

Boluarte assumiu o poder em dezembro de 2022, após a queda de Pedro Castillo, de quem era vice. Castillo tentou dissolver o Congresso e foi preso preventivamente no mesmo dia.

O estopim da atual crise foi um ataque a tiros na noite de quarta-feira (8) contra a banda popular Agua Marina, que deixou cinco pessoas feridas. O episódio, amplamente repercutido no país, foi interpretado como mais uma prova da incapacidade do governo em conter a violência.

O Peru enfrenta uma onda crescente de crimes organizados e homicídios, especialmente nas regiões norte e central, o que tem alimentado protestos e pressionado o governo a agir.

Com a destituição, José Jerí assume o comando do Executivo enquanto o Congresso organiza o processo de transição. Ainda não há confirmação se o novo governo manterá as eleições gerais para abril ou antecipará o pleito diante da instabilidade.

A destituição de Boluarte representa mais um capítulo na sequência de rupturas políticas no Peru, que teve seis presidentes em menos de uma década, evidenciando a fragilidade institucional do país andino.