María Corina Machado vence o Nobel da Paz de 2025
Líder da oposição venezuelana é premiada por sua luta pacífica pela democracia em meio à repressão do regime Maduro
NOBEL DA PAZO Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido à líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, por sua atuação em defesa dos direitos democráticos e pela busca de uma transição pacífica e justa no país governado por Nicolás Maduro. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (9) pelo Comitê Norueguês do Nobel.
Segundo o presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, Machado é reconhecida por ser uma figura unificadora na oposição política venezuelana, antes profundamente dividida, e por sua resiliência em permanecer no país mesmo diante de ameaças de morte.
“Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, declarou Frydnes.
María Corina Machado deveria ter disputado as eleições presidenciais contra Maduro no ano passado, mas foi desqualificada pelo governo, acusado de manipular o processo eleitoral. Em seu lugar, a oposição lançou o diplomata Edmundo González Urrutia, que acabou perseguido e exilado na Espanha após o pleito.
A eleição foi marcada por denúncias de fraudes, prisões arbitrárias e repressão violenta a manifestações populares, resultando em mais de 20 mortos e na ruptura diplomática da Venezuela com países como a Argentina.
Desde janeiro, Machado está escondida e não faz aparições públicas. O comitê Nobel ainda não sabe se ela poderá comparecer à cerimônia de entrega do prêmio, prevista para dezembro, em Oslo.
A escolha de Machado surpreendeu e contrariou expectativas do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que havia feito campanha pública para ganhar o Nobel da Paz após o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Trump disse que o comitê “desrespeitaria os Estados Unidos” se não o premiasse.
Frydnes respondeu que a escolha segue exclusivamente os critérios estabelecidos por Alfred Nobel e que campanhas públicas não influenciam o processo.
Nos últimos anos, o Nobel da Paz tem premiado figuras e instituições em contextos de crise humanitária, repressão política e conflitos armados:
- 2024: Narges Mohammadi, ativista iraniana pelos direitos das mulheres
- 2023: Nihon Hidankyo, organização japonesa contra armas nucleares
- 2022: Ativistas e ONGs da Bielorrússia, Rússia e Ucrânia
- 2021: Jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dmitri Muratov (Rússia)
- 2020: Programa Mundial de Alimentos da ONU
- 2019: Abiy Ahmed, primeiro-ministro da Etiópia
- 2014: Malala Yousafzai, mais jovem ganhadora do prêmio
Criado em 1901, o Nobel da Paz é concedido a indivíduos ou instituições que promovem a paz e os direitos humanos. O vencedor recebe uma medalha de ouro e 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 4,8 milhões).