Mercosul e Canadá retomam negociações por acordo de livre comércio
Encontro em Brasília busca atualizar os termos de parceria econômica com foco em comércio moderno, sustentável e equilibrado
MUNDOO Mercosul e o Canadá voltaram à mesa de negociações nesta quinta-feira (9) em Brasília, com o objetivo de retomar o diálogo em torno de um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e o país norte-americano. A reunião acontece no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e segue até sexta-feira (10), reunindo representantes dos quatro países do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — e autoridades canadenses.
A retomada das conversas ocorre em um novo cenário internacional e comercial, anos após a imposição de tarifas unilaterais pelo governo Donald Trump ter enfraquecido o ritmo das tratativas. O processo ganhou fôlego após a visita ao Brasil do ministro de Comércio Internacional do Canadá, Maninder Sidhu, em agosto deste ano. Na ocasião, ele se reuniu com o vice-presidente e titular do Mdic, Geraldo Alckmin, para reforçar o interesse mútuo na reativação da agenda bilateral.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o relançamento das negociações reforça o compromisso do Mercosul em firmar acordos que combinem modernidade, equilíbrio e benefícios mútuos. A diretriz segue os moldes dos tratados já firmados pelo bloco com Singapura, União Europeia e Efta — associação que reúne Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein.
Para o Mdic, os entendimentos anteriores funcionam como base para as atualizações do acordo com o Canadá, fortalecendo o papel do Mercosul como ator ativo no comércio internacional.
Temas em discussão
Durante o encontro, chefes negociadores e equipes técnicas de ambos os lados revisam os avanços alcançados até agora e discutem pendências e prioridades em capítulos técnicos e institucionais do acordo.
Entre os temas em pauta estão acesso a mercados, regras de origem, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, serviços e investimentos, compras governamentais, propriedade intelectual e meio ambiente.
Além desses, o tratado busca incluir capítulos dedicados a temas transversais como concorrência, micro e pequenas empresas, relações comerciais com enfoque de gênero, direitos trabalhistas e inclusão de povos indígenas.
Comércio bilateral em alta
A intensificação das conversas ocorre em meio a uma relação comercial robusta entre Brasil e Canadá. Em 2024, a corrente de comércio entre os dois países — soma de exportações e importações — alcançou US$ 9,1 bilhões.
Do total, o Brasil exportou US$ 6,3 bilhões, sendo 91% provenientes da indústria de transformação. Entre os principais produtos vendidos estão alumínio, ouro, aço, máquinas, equipamentos, aeronaves e café.
Por outro lado, as importações brasileiras do Canadá somaram US$ 2,8 bilhões. Fertilizantes químicos, motores, máquinas não elétricos e aeronaves figuram entre os itens mais importados.
O Canadá se consolidou como o nono principal destino das exportações brasileiras no ano passado, e o 19º maior fornecedor de produtos ao Brasil.