09 de outubro de 2025 - 16h35

Mauro Vieira e Marco Rubio se encontrarão para discutir tarifaço contra produtos brasileiros

Conversas avançam após ligação entre Lula e Trump; encontro presencial deve ocorrer em Washington nas próximas semanas

BRASIL X EUA
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, vão se encontrar em Washington para discutir a sobretaxa imposta a produtos brasileiros. - Foto: AFP/Getty Images

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, devem se reunir em breve em Washington para tratar da taxação extra imposta a produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. A informação foi confirmada em nota oficial divulgada pelo Itamaraty nesta quinta-feira (9), após conversa telefônica entre os dois representantes diplomáticos.

Caminho aberto por Lula e Trump - O diálogo entre os chanceleres decorre do contato recente entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, que conversaram por videoconferência no início desta semana. Segundo Lula, essa conversa inaugurou um “novo momento” nas negociações bilaterais. Os dois chefes de Estado trocaram números de telefone e devem se encontrar pessoalmente em breve, segundo fontes do governo brasileiro.

Rubio foi designado pelo presidente Trump para conduzir as tratativas comerciais com o Brasil. A nova rodada de conversas ocorrerá entre representantes técnicos e, posteriormente, entre os dois ministros, com encontro presencial a ser agendado em Washington.

“Após diálogo muito positivo sobre a agenda bilateral, acordaram que equipes de ambos os governos manterão reunião proximamente em Washington, em data a ser definida, para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”, diz o comunicado oficial do Itamaraty.

“O Secretário de Estado convidou o Ministro Mauro Vieira para que integre a delegação, de modo a permitir uma reunião presencial entre ambos, para tratar dos temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”, acrescenta a nota.

O que está em jogo - A nova rodada de negociações visa reverter tarifas adicionais de até 40% impostas pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros, incluindo café, frutas e carnes. A sobretaxa foi estabelecida em agosto como retaliação a decisões brasileiras que, segundo Trump, prejudicariam empresas de tecnologia dos EUA. O governo norte-americano também citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como justificativa política para o aumento das tarifas.

A medida foi parte da política comercial protecionista adotada pela Casa Branca com o objetivo de conter a perda de competitividade da indústria americana frente a países como a China.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil está oferecendo “os melhores argumentos econômicos” para tentar reverter o tarifaço. Segundo ele, a sobretaxa “encarece a vida do povo estadunidense” e prejudica consumidores americanos, além de afetar negativamente a relação bilateral.

Haddad também destacou que os Estados Unidos têm atualmente superávit comercial com o Brasil, e que o país oferece oportunidades atrativas para investimentos em áreas como energia limpa, transformação ecológica, minerais críticos e tecnologia.

As tarifas afetam cerca de 45% das exportações brasileiras aos EUA, o que representa aproximadamente 700 produtos. Entre os itens inicialmente tarifados estavam carnes, frutas e café, enquanto outros, como suco de laranja, fertilizantes, combustíveis e peças de aeronaves, foram isentados. Algumas categorias foram posteriormente retiradas da lista de sobretaxação.

Efeitos esperados - A retomada das negociações comerciais com os EUA busca não apenas reverter os efeitos das tarifas, mas também fortalecer a agenda bilateral e evitar o aprofundamento de um clima de tensão comercial.

A expectativa do governo brasileiro é que a via diplomática, impulsionada pelo alinhamento direto entre os presidentes e o canal de diálogo estabelecido entre os chanceleres, possa garantir avanços concretos nas próximas semanas.