Gabriel Hirabahasi | 09 de outubro de 2025 - 08h55

Lula critica Congresso por barrar imposto sobre fintechs e diz que decisão afeta o povo

Presidente afirma que vai reunir ministros para discutir nova forma de arrecadação e critica isenção de impostos para mais ricos

MP BARRADA
Lula durante entrevista à rádio na Bahia, onde criticou o Congresso após derrota da MP que taxava fintechs e apostas - (Foto: ABrasil)

A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à derrubada da Medida Provisória que previa a taxação de apostas online e fintechs veio com críticas diretas ao Congresso Nacional. Em entrevista à rádio Piatã FM, da Bahia, nesta quinta-feira (9), Lula afirmou que a decisão parlamentar não foi uma derrota para o governo, mas sim "uma derrota para o povo brasileiro".

A medida, considerada uma alternativa à alta do IOF, garantiria bilhões em arrecadação para o governo. A proposta previa inicialmente uma alíquota de 18%, mas o governo chegou a negociar uma redução para 12% para atender às demandas do setor. Ainda assim, a proposta foi retirada da pauta na Câmara, perdendo validade.

"É engraçado que o trabalhador paga 27,5% de imposto de renda, e os ricos não querem pagar 12%, 18%. Eles acham que derrotaram o governo, mas derrotaram a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do povo", criticou Lula.

Lula afirmou que pretende reunir seus ministros na próxima quarta-feira (15) para discutir alternativas de arrecadação. A reunião acontecerá após seu retorno de agendas em Salvador, São Paulo e Roma. O presidente revelou que conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, logo após a derrota no Congresso.

"Disse para relaxarmos, não vamos perder o fim de semana discutindo isso. Mas quando eu voltar, vamos sentar para decidir como propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, paguem o imposto devido", declarou.

Durante a entrevista, Lula puxou o tema ao falar das políticas de inclusão social desenvolvidas por seu governo. Ele lamentou que a derrubada da MP impacta diretamente a possibilidade de manter e ampliar programas sociais voltados à população mais vulnerável.

"Essa inclusão faz com que os mais pobres subam um degrau na escala social. O Congresso poderia ter aprovado para que os ricos pagassem mais. Não quiseram", disse.

Críticas da oposição - A oposição, por sua vez, argumenta que a arrecadação prevista na MP serviria para ampliar os gastos do governo em 2026, ano de eleição. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou publicamente que a aprovação da medida seria equivalente a dar "um presente de R$ 30 bilhões para o governo Lula torrar em 2026".

Apesar das críticas, Lula reforçou a importância de manter as conquistas sociais e alertou para os riscos de retrocessos. “Se o povo não tomar cuidado, pode vir um governo que destrua tudo aquilo que é política de inclusão social”, afirmou.