Redação | 09 de outubro de 2025 - 09h15

Justiça argentina condena brasileiro por tentativa de matar Cristina Kirchner

Fernando Sabag Montiel pegou 10 anos de prisão por tentar assassinar a ex-presidente; ex-namorada também foi condenada

MUNDO
Cristina Kirchner escapou por pouco após falha da arma apontada para seu rosto em 2022 - (Foto: TV Publica Argentina via Reuters)

Sentença saiu quase dois anos após a tentativa de assassinato que chocou a Argentina. O brasileiro Fernando Sabag Montiel foi condenado a 10 anos de prisão nesta quarta-feira (8), por tentar matar a ex-presidente Cristina Kirchner em setembro de 2022, em Buenos Aires. Brenda Uliarte, ex-namorada dele, foi sentenciada a oito anos, por envolvimento no crime.

Fernando Sabag Montiel foi condenado a 10 anos de prisão 

A decisão da Justiça encerra um dos episódios mais graves da política argentina recente. Em 1º de setembro de 2022, Sabag se misturou à multidão em frente à casa da então vice-presidente e apontou uma pistola carregada a centímetros de seu rosto. O disparo não aconteceu porque a arma falhou.

Durante o julgamento, a Promotoria sustentou que o atentado foi premeditado. Sabag e Uliarte teriam visitado o local dias antes para estudar a rotina de Cristina e trocaram mensagens sobre a arma usada no ataque.

A defesa tentou alegar que Sabag era inimputável, mas o tribunal rejeitou a tese. Ele confessou o crime, dizendo que agiu por conta própria, movido pelas acusações de corrupção contra Cristina. “Senti que não queria fazer, mas tinha que fazer”, declarou.

O réu também afirmou estar arrependido. Uliarte, por sua vez, foi condenada como cúmplice. Um terceiro acusado, Nicolás Carrizo, acabou absolvido.

Passado com sinais de radicalização - Montiel nasceu no Brasil, filho de pai chileno e mãe argentina, e vive na Argentina desde 1993. Trabalhava como motorista de aplicativo e tinha antecedentes criminais. Após o crime, a polícia encontrou 100 munições calibre 9 mm em um imóvel ligado a ele, em San Martín.

As investigações mostraram que ele seguia grupos extremistas e tinha tatuagens com símbolos ligados ao neonazismo. Antes do atentado, chegou a participar de um programa de TV ao lado de Uliarte, onde criticou políticas sociais do governo argentino.

Apesar de condenada por corrupção em 2024 e cumprir pena domiciliar, Cristina segue atuando politicamente. Aos 72 anos, já não pode se candidatar, mas continua como voz ativa da oposição ao presidente Javier Milei.

Recentemente, recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Buenos Aires, reforçando sua influência entre lideranças da América Latina.