O sotaque chileno do progresso: como a Arauco aprendeu a falar sul-mato-grossense
No coração de Inocência, cidade de pouco mais de 8 mil habitantes, o Projeto Sucuriú transforma o antigo cerrado em símbolo de progresso e conexão global o maior investimento privado em curso no Mato Grosso do Sul
48 ANOS EM MOVIMENTONa manhã desta quarta-feira (08 de outubro), cerca de cem convidados — entre autoridades, imprensa, clientes e lideranças — foram recebidos pela Arauco, multinacional chilena de base florestal e celulose, para uma celebração dupla: os 48 anos de Mato Grosso do Sul e o avanço das obras da nova indústria.
Sob o sol do Cerrado, os visitantes calçaram botas e colocaram capacetes para um tour pelo canteiro, onde 7.500 trabalhadores erguem, quase como em coreografia, o futuro polo industrial de Inocência. O que se viu foi mais que uma construção: foi o nascimento visível de uma promessa — de desenvolvimento, emprego e integração.
Na cerimônia, o tom foi de gratidão e pertencimento. O presidente da Arauco Brasil, Carlos Altimira, falou com a serenidade de quem aprendeu a decifrar o jeito sul-mato-grossense de ver o mundo. Chileno, mas com sotaque já moldado pela convivência com o interior do país, ele dedicou boa parte de seu discurso à comunidade que acolheu a empresa.
“Somos estrangeiros, sim, mas hoje nos sentimos parte desta terra. A Arauco veio para ficar, crescer e caminhar junto com Inocência”, disse Altimira, em um português pausado e emocionado.
Ao lado de Altimira, estavam os principais executivos da companhia: Mário José de Souza Neto (vice-presidente de Madeiras), Theófilo Militão (diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais), Valéria Ribeiro (diretora de Pessoas), Milena Penhavel (diretora Jurídica), Flávio Verardi (diretor Comercial de Madeiras), Tom Demetrio (diretor de Supply Chain e Negócios), Julio Scarperini (diretor Técnico Industrial), Claudinei Santos e Fábio Nakano (diretores de Operações). A presença conjunta simbolizou o compromisso da empresa com o território — da gestão de pessoas à tecnologia industrial.
Entre as autoridades locais, o destaque foi o prefeito de Inocência, Antônio Ângelo Garcia dos Santos (Toninho da Cofapi), acompanhado da primeira-dama, Marina Aparecida de Jesus Santos. Toninho recebeu uma placa simbólica em homenagem ao município, entregue por Altimira e Mário Neto, em um gesto de reconhecimento pelo apoio da cidade ao projeto.
O governador Eduardo Riedel não pôde estar presente, mas foi representado por uma comitiva da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), chefiada pelo secretário-executivo Artur Henrique Leite Falcette, responsável pelo discurso oficial em nome do governo estadual. Também participaram do evento o secretário executivo da Casa Civil, Éder Uilson França Lima (Tuta), e representantes municipais como Gilmares Leal (Finanças), Jonathan Fernandes (Esporte, Cultura e Lazer), Julice Sato (Convênios) e Igor Duarte Sousa (delegado da Polícia Civil), além de líderes das forças de segurança e colaboradores do poder público.
Durante o evento, a Arauco apresentou a nova linha de produtos “Ritmos”, inspirada na diversidade cultural brasileira. Uma das peças, batizada de “Sertanejo”, foi criada em homenagem ao Mato Grosso do Sul — e foi recebida com emoção pelo prefeito Toninho, que, ao agradecer, afirmou: “Eu sou sertanejo. E é bonito ver uma empresa internacional entender o valor dessa palavra.”
Entre os convidados, estavam ainda representantes de empresas parceiras e clientes da Arauco, vindos de várias regiões do país — como Josi Signori, do Sebrae; Fernanda Maia, da Valmet América Latina; e empresários dos setores moveleiro e florestal, como Aldo Luiz Pan, José Álvaro Góes, Roberto Pereira da Costa e Allan Costa Barbosa, que acompanharam de perto a visita técnica e o tour pelas instalações.
A fala do prefeito ecoou o espírito do encontro. A indústria chilena aprendeu a traduzir o Brasil não apenas em cifras ou toneladas de celulose, mas em gestos de aproximação: ao chamar o estado de “nossa casa”, ao reconhecer o trabalhador local, ao valorizar o sotaque e o calor humano que movem o interior.
O evento foi encerrado com um almoço coletivo e a sensação de que Inocência vive um novo tempo. Entre máquinas, risadas e vozes misturadas, o espanhol e o português pareciam formar um único idioma: o da esperança.