Pepita Ortega, Victor Ohana e Cícero Cotrim | 08 de outubro de 2025 - 17h20

União Brasil fecha questão contra MP que eleva impostos

Partido liderado por Pedro Lucas anuncia voto contrário à proposta que prevê arrecadação de R$ 17 bilhões

ARTICULAÇÃO PARLAMENTAR
Deputado Pedro Lucas (União-MP) anuncia voto contrário da bancada à MP que eleva impostos, durante entrevista à imprensa - Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

A bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (8), votar unida contra a Medida Provisória 1303/2025, que tramita como alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O anúncio foi feito pelo líder do partido, deputado Pedro Lucas (União-MP), que afirmou que a legenda é contrária a qualquer proposta que envolva elevação da carga tributária.

A decisão foi tomada após reunião interna da bancada, seguindo orientação da Executiva Nacional. “Todas as votações que tiverem aumento de imposto, o União vai votar contra”, disse Pedro Lucas, em entrevista coletiva. Segundo ele, “a grande maioria dos deputados aprovou o fechamento de questão”, o que obriga os parlamentares do partido a seguirem a orientação durante a votação da MP.

Pedro Lucas também mencionou que o relatório final do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), aprovado por margem apertada na comissão mista que analisou a medida, contém dispositivos que representam, na visão do União Brasil, aumentos disfarçados de imposto. A legenda, por isso, optou por fechar questão contra a proposta, o que significa que os deputados que descumprirem a orientação partidária poderão ser punidos.

“O regimento do partido prevê advertência e outras punições para os que descumprirem”, alertou o líder.

Medida provisória tem impacto bilionário - A MP 1303/2025 precisa ser aprovada até 23h59 desta quarta-feira (8) nos plenários da Câmara e do Senado para não perder a validade. A proposta é vista pelo governo como uma alternativa ao aumento direto do IOF e tem potencial de arrecadação de R$ 17 bilhões em 2026. O valor representa uma redução de R$ 3 bilhões em relação à previsão inicial do Executivo Federal.

A discussão sobre a medida divide opiniões entre os parlamentares. Enquanto aliados do governo consideram a MP essencial para manter o equilíbrio fiscal e as metas de arrecadação, opositores enxergam na proposta uma tentativa disfarçada de aumentar impostos sem um debate mais amplo com a sociedade.

Clima tenso no Congresso - A votação da medida acontece em clima de forte tensão política. A aprovação apertada do relatório na comissão mista acendeu o alerta entre os governistas, que precisam garantir maioria nas duas Casas Legislativas ainda nesta quarta-feira.

Apesar da resistência de partidos como o União Brasil, o governo articula intensamente para evitar que a MP caduque. Caso não seja votada em tempo hábil, o impacto será direto nas projeções de receita do próximo ano.