CNI e governo se unem contra falsificação de bebidas no Brasil
Entidade integra grupo criado por Lewandowski para combater adulterações após mortes por metanol
SEGURANÇA PÚBLICAA Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou nesta quarta-feira (8) que vai atuar em conjunto com o governo federal no combate à falsificação e adulteração de bebidas no país. A medida surge em meio à crise causada por mortes relacionadas ao consumo de bebidas contaminadas com metanol — substância tóxica e proibida em bebidas alcoólicas.
A decisão foi tomada durante uma reunião com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, realizada na terça-feira (7), em Brasília. Na ocasião, representantes da indústria de bebidas e de outras entidades do setor manifestaram apoio à criação do Comitê de Enfrentamento da Crise do Metanol, proposta pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
A CNI irá participar ativamente do grupo de trabalho criado pelo governo para propor ações integradas contra a falsificação de bebidas destiladas. A entidade destacou que se solidariza com os familiares das vítimas do consumo de bebidas adulteradas e classificou como "acertada e prudente" a decisão do governo de enfrentar a situação com coordenação e urgência.
Em nota, a CNI ressaltou que a criação do comitê “garante a racionalização de ações em curso e a convergência de esforços público-privados em torno de um Plano de Ação comum, substancial e pragmático”.
Mortes expõem falhas na fiscalização
A crise envolvendo o metanol ganhou repercussão nacional após a morte de consumidores que ingeriram bebidas alcoólicas contaminadas. As ocorrências, verificadas em diferentes estados, revelaram falhas na fiscalização e na rastreabilidade de bebidas vendidas ilegalmente ou com adulterações graves.
As vítimas, em sua maioria, adquiriram os produtos em pequenos comércios ou de vendedores ambulantes. A ingestão de metanol pode causar desde náuseas e cegueira até falência de órgãos e morte. A substância é utilizada como solvente industrial e combustível, sendo proibida em qualquer tipo de bebida.
Diante da gravidade da situação, o Ministério da Justiça decidiu agir com rapidez para conter a disseminação de produtos adulterados e coibir a ação de quadrilhas envolvidas na falsificação.
Setor privado quer ampliar colaboração
Com a entrada da CNI no grupo de trabalho, a expectativa é que o setor industrial possa colaborar com informações técnicas, propostas regulatórias e estratégias de monitoramento da cadeia produtiva. Para a Confederação, o envolvimento do setor privado é essencial para dar efetividade às medidas e proteger o consumidor.
A iniciativa também é vista como uma oportunidade para modernizar os mecanismos de fiscalização e controle, inclusive com o uso de tecnologias de rastreabilidade e parcerias com órgãos como Receita Federal, Polícia Federal e agências reguladoras.
Segundo a CNI, combater a adulteração de bebidas é uma questão de segurança pública e de defesa da indústria formal, que sofre concorrência desleal com produtos ilegais.