Gabriel Damasceno | 07 de outubro de 2025 - 22h00

Brasil concentra 96% dos casos de chikungunya nas Américas, aponta OMS

País também registra mais de 70% das mortes pela doença em todo o mundo, segundo relatório da organização

CHIKUNGUNYA
Vírus é transmitido pela picada de fêmeas do gênero Aedes infectadas. - (Foto: Kwangmoozaa/Adobe Stock)

O Brasil lidera com folga os registros de chikungunya nas Américas em 2025, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre janeiro e setembro, o País foi responsável por quase 96% dos casos confirmados na região e por cerca de 72% das mortes associadas à doença.

De acordo com o relatório, o Brasil contabilizou 96.159 casos confirmados e 111 óbitos até 20 de setembro. No mesmo período, as Américas somaram 228.591 casos suspeitos, sendo 100.329 confirmados e 115 mortes. Em escala global, 40 países relataram 445.271 ocorrências — entre suspeitas e confirmações — e 155 óbitos.

Expansão dos mosquitos e clima favorável

A OMS atribui o avanço da chikungunya principalmente à expansão dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, favorecida por fatores como urbanização desordenada, falta de saneamento básico, falhas nos programas de controle de vetores e mudanças climáticas. A mobilidade internacional de pessoas e o comércio entre países também impulsionam a disseminação.

Embora o cenário global apresente variações, a OMS ressalta um “ressurgimento localizado” da doença. Enquanto as Filipinas registraram queda de 78% nos casos, a Indonésia teve aumento de 158%. Na China, a província de Guangdong enfrenta o maior surto já registrado no país, com 16.452 infecções autóctones até o fim de setembro.

A entidade recomenda reforçar a vigilância epidemiológica, aprimorar o controle dos mosquitos e fortalecer a resposta do sistema de saúde, especialmente em regiões com condições ambientais propícias à reprodução dos vetores.

Sintomas, riscos e tratamento

Transmitida pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes, a chikungunya provoca febre alta de início repentino, manchas na pele e dores intensas nas articulações — que podem persistir por semanas ou até meses.

Idosos, recém-nascidos e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos, têm maior risco de desenvolver quadros graves e precisar de internação. Não há tratamento antiviral específico, e os cuidados se baseiam no alívio da dor e da febre.

Primeira vacina aprovada no Brasil

Em abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro imunizante contra a chikungunya. Produzida pela farmacêutica austríaca Valneva e fabricada na Alemanha, a vacina utiliza vírus enfraquecido para estimular a resposta imunológica.

Os testes clínicos demonstraram eficácia em adultos e adolescentes, e o produto foi registrado no País em parceria com o Instituto Butantan. Autorizada para pessoas a partir de 18 anos, a vacina ainda não está disponível para comercialização.