Luís Eduardo Leal e Amélia Alves | 07 de outubro de 2025 - 18h45

Ibovespa cai 1,57% e tem pior desempenho em mais de um mês com pressão de bancos e siderúrgicas

Queda do índice foi puxada por ações financeiras e do setor de commodities, enquanto dólar sobe para R$ 5,35 em meio a incertezas fiscais e externas

MERCADO FINANCEIRO
Ibovespa cai 1,57% e tem pior desempenho em mais de um mês com pressão de bancos e siderúrgicas. - (Foto: Reprodução)

O Ibovespa encerrou em forte queda nesta terça-feira (7), acumulando o segundo dia consecutivo de correção e registrando o pior desempenho percentual desde 19 de agosto. O principal índice da B3 recuou 1,57%, aos 141.356,43 pontos, no menor nível de fechamento desde 4 de setembro. O volume financeiro somou R$ 24,4 bilhões.

Com o resultado, o índice acumula queda de 1,97% na semana e 3,34% no mês, ainda mantendo alta de 17,52% no ano.

As blue chips, ações de maior peso e liquidez, foram destaque negativo do pregão. O setor financeiro, que tem forte influência sobre o índice, manteve o movimento de correção, acompanhado pelas siderúrgicas.

A CSN recuou 3,78%, e a Usiminas PNA, 3,49%, ambas nas mínimas do dia. Já a Vale ON, papel de maior peso do Ibovespa, caiu 1,41%, a R$ 58,75.

Entre os bancos, as perdas variaram de 0,93% (Banco do Brasil) a 2,06% (Santander Unit). Apenas oito dos 82 papéis do índice fecharam no campo positivo.

A Petrobras destoou do movimento, com leve alta: 0,12% na ON e 0,36% na PN, em dia de estabilidade para o petróleo no mercado internacional.

Na ponta negativa, MRV despencou 12,12% após divulgar prévia operacional do terceiro trimestre com fluxo de caixa abaixo das expectativas, segundo avaliação do BTG Pactual. O desempenho ruim contaminou outras ações do setor imobiliário, como Direcional (-3,74%), Cury (-3,90%) e Cyrela (-2,60%).

Na outra ponta, entre as poucas altas do dia, Minerva avançou 1,21%, seguida por PetroReconcavo (+0,89%) e BB Seguridade (+0,79%).

O dólar à vista subiu 0,74%, encerrando a R$ 5,3501, no maior patamar em mais de dez dias. A valorização reflete tanto as tensões fiscais internas quanto o fortalecimento da moeda americana no exterior.

De acordo com Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos, o mercado reage às incertezas sobre a condução das negociações econômicas entre Brasil e Estados Unidos e à falta de clareza sobre o futuro do chamado “tarifaço”.

“A alta do dólar veio mesmo após o tom amistoso entre Lula e Trump. A fala do ministro Fernando Haddad não ajudou muito ao sugerir que as tratativas seguirão independentemente do negociador americano, Marco Rubio, que é visto como um nome ideológico”, afirmou.

O índice DXY, que mede a força do dólar frente a moedas fortes como euro e iene, também avançou nesta terça.

No cenário externo, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que os dados recentes da economia americana indicam “sinais de estagflação”, com inflação acima da meta e desaceleração do mercado de trabalho.

Kashkari alertou que um corte prematuro dos juros poderia gerar uma nova pressão inflacionária. “Estou confiante de que o Fomc continuará a tomar decisões baseadas em análises sólidas”, disse o dirigente.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários recuaram após recordes na véspera: o S&P 500 caiu 0,38%, e o Nasdaq, 0,67%.