Ricardo Eugenio | 07 de outubro de 2025 - 12h14

"Eles serão punidos", diz delegada de Dourados após ataques racistas e machistas em rede social

Caso foi registrado como injúria racial; Assembleia Legislativa e Adepol manifestaram apoio e pediram punição dos autores

RACISMO DIGITAL
Delegada Thays de Bessa, da Polícia Civil de Dourados, pediu punição para autores de comentários racistas e machistas nas redes sociais - (Foto: Reprodução)

A delegada Thays do Carmo Oliveira de Bessa, da Polícia Civil de Dourados, foi alvo de comentários racistas e machistas durante uma entrevista transmitida ao vivo nas redes sociais. O caso aconteceu na quinta-feira (2) e está sendo investigado como injúria racial, crime que tem a mesma gravidade que o racismo e pode levar à prisão.

Durante a live, enquanto falava sobre um caso de homicídio, Thays recebeu mensagens ofensivas sobre sua aparência. Um dos comentários dizia: “Essa delegada parece empregada doméstica aqui de casa, dá vontade de tratar igual cachorro”. Outros a chamaram de “cracuda” e disseram que ela devia “lavar louça” em vez de trabalhar.

Thays contou que só soube dos ataques no dia seguinte, ao receber uma ligação de um colega. “Dá indignação. A pessoa se esconde atrás de um computador para ofender. O racismo continua, mesmo quando a gente pensa que ele acabou”, afirmou.


A delegada Thays de Bessa, da Polícia Civil de Dourados, foi alvo de ataques racistas e machistas durante uma live na última quinta-feira.

A delegada, que está há três anos em Dourados, disse que já participou de várias entrevistas sobre casos graves, mas nunca tinha vivido algo parecido. “O que queremos é respeito. Que mulheres e pessoas negras sejam reconhecidas pelo trabalho, não julgadas pela aparência”, afirmou.

A Polícia Civil descobriu que os comentários vieram de diferentes lugares do país. Os autores serão identificados e poderão responder criminal e civilmente.

O caso ganhou apoio na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. As deputadas Lia Nogueira (PSDB), Gleice Jane (PT) e Mara Caseiro (PSDB) apresentaram moções de repúdio e pediram providências. O presidente da Casa, Gerson Claro (PP), disse que o documento será encaminhado às autoridades. “Rede social não é terra sem lei. Quem comete crime tem que ser punido”, afirmou.

A Adepol-MS, associação que representa os delegados do Estado, também divulgou nota defendendo Thays. “As ofensas foram covardes e descabidas. Nenhum delegado está sozinho”, disse a entidade.

Para Thays, o caso deve servir de exemplo. “A punição é importante para mostrar que existe limite. Atrás da tela, há um ser humano. E o preconceito não pode ser normalizado”, completou.