Ricardo Eugenio | 07 de outubro de 2025 - 08h18

Suspeitos de grilagem no Pantanal têm R$ 212 mi bloqueados pela PF

PF deflagra segunda fase da Operação Prometeu e bloqueia R$ 212 milhões de suspeitos em Corumbá; dano ambiental chega a R$ 220 milhões

GRILAGEM NO PANTANAL
Agente da Polícia Federal analisa documentos durante cumprimento de mandado da Operação Prometeu, que investiga grilagem de terras da União no Pantanal. - (Foto: Divulgação)

A manhã desta terça-feira (7) começou agitada em Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande. A Polícia Federal bateu à porta de servidores públicos, empresários e fazendeiros, todos investigados por um esquema de grilagem de terras da União. O foco: o Pantanal.

Era a segunda fase da Operação Prometeu, nome inspirado no mito grego do homem que roubou o fogo dos deuses — neste caso, o fogo é bem literal. Segundo a PF, a fraude começa com queimadas ilegais, usadas para limpar áreas públicas e transformá-las em pastagens. Em seguida, vêm os papéis. Documentos falsos, emitidos por funcionários do Incra e de um órgão municipal, davam aparência legal a terras invadidas. Em troca, pagamento. E lucro.

A Advocacia-Geral da União entrou no caso. Pediu o bloqueio de R$ 212 milhões dos investigados e cobra R$ 725 milhões em indenização por danos ambientais e patrimoniais. No Pantanal, terra não é só terra — é bioma. E o estrago é grande.

Durante a operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. A PF encontrou armas — rifle, carabina e revólver — além de documentos, celulares e computadores. Os flagrantes viraram fiança e ninguém ficou preso. Mas as investigações avançaram. Uma área pública de 6,4 mil hectares estava sendo usada ilegalmente para criação de gado. O rebanho: cerca de sete mil cabeças.

A primeira fase da operação já havia exposto a tática do fogo: incendiar para tomar posse. Agora, os alvos se multiplicam e o caso cresce. Os envolvidos podem responder por uma longa lista de crimes: grilagem, desmatamento, incêndio, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e associação criminosa.

A Prefeitura de Corumbá, por enquanto, disse que não tem informações sobre a operação. O Incra confirmou que afastou um servidor.