Nobel de Medicina 2025 reconhece trio que revolucionou pesquisas sobre câncer e doenças autoimunes
Cientistas dos Estados Unidos e do Japão foram premiados por descobertas que explicam como o corpo evita atacar seus próprios tecidos e abrem caminho para novos tratamentos médicos
PRÊMIO NOBELA Academia Sueca de Ciências anunciou nesta segunda-feira (6) os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2025: os americanos Mary Brunkow e Fred Ramsdell, e o japonês Shimon Sakaguchi. O trio foi reconhecido por descobertas sobre a tolerância imunológica periférica, mecanismo que impede o sistema imunológico de atacar os próprios tecidos do corpo.
Esses estudos abriram novas possibilidades de tratamentos contra o câncer e doenças autoimunes, além de contribuírem para tornar transplantes de órgãos mais seguros.
O sistema imunológico é responsável por defender o organismo de vírus, bactérias e outros agentes externos. No entanto, ele também precisa evitar reações exageradas que poderiam causar doenças autoimunes. É aí que entra a tolerância imunológica periférica, um processo essencial para manter o equilíbrio dessas defesas.
Na década de 1990, Sakaguchi, da Universidade de Quioto, identificou um tipo de célula que ajuda o corpo a se proteger de respostas autoimunes. Anos depois, em 2001, Brunkow (Universidade de Princeton) e Ramsdell (Universidade da Califórnia) descobriram que uma mutação no gene Foxp3 tornava certos camundongos mais vulneráveis a doenças autoimunes. Eles ainda mostraram que a mutação equivalente em humanos causa a síndrome IPEX, uma condição rara e grave.
Dois anos depois, Sakaguchi uniu as descobertas ao demonstrar que o gene Foxp3 regula o desenvolvimento das células T reguladoras, responsáveis por controlar outras células imunes e impedir que o corpo ataque seus próprios tecidos.
Avanços que salvam vidas
impedir que as células T criem barreiras em tumores, o que melhora o tratamento contra o câncer;
- estimular a produção dessas células em casos de doenças autoimunes;
- e reduzir rejeições em transplantes de órgãos, como rim e fígado.
Os laureados receberão uma medalha de ouro, um diploma e 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 6,2 milhões.
No ano anterior, o Nobel de Medicina foi concedido aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun, pela descoberta das moléculas de microRNA e sua função no controle genético.
Próximos anúncios do Nobel 2025
- Terça-feira (7): Física
- Quarta-feira (8): Química
- Quinta-feira (9): Literatura
- Sexta-feira (10): Paz
- Segunda-feira (13): Economia
A cerimônia de premiação acontecerá em 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte de Alfred Nobel (1833–1896), criador do prêmio. Desde 1901, o Nobel já foi entregue 627 vezes a 976 pessoas e 28 organizações. O Brasil ainda não conquistou nenhuma dessas honrarias.