04 de outubro de 2025 - 09h20

Conselho de Química alerta para riscos de testes caseiros em bebidas suspeitas de metanol

CFQ orienta sobre sinais de adulteração e reforça que intoxicação exige atendimento imediato; denúncias podem ser feitas anonimamente

SAÚDE
Metanol é usado de forma ilegal na falsificação de bebidas como vodka, gim e whisky - (Foto: Igor Normann/Adobe Stock)

Diante do aumento dos casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas no Brasil, o Conselho Federal de Química (CFQ) fez um alerta importante: consumidores não devem realizar testes caseiros para tentar identificar a presença da substância. O risco de intoxicação acidental é alto, mesmo em pequenas quantidades. A orientação é procurar imediatamente atendimento médico e canais oficiais de denúncia.

Segundo o analista químico do CFQ, Siddhartha Giese, qualquer suspeita deve ser comunicada a órgãos como o Procon, a Vigilância Sanitária, a Polícia Civil ou os Conselhos Regionais de Química (CRQs). As denúncias podem ser feitas de forma anônima e ajudam no combate à comercialização irregular de bebidas.

“Caso haja suspeita, não se deve cheirar, provar ou testar a bebida em casa. Isso pode agravar o risco de intoxicação”, explicou o especialista em entrevista à Agência Brasil.

A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave. Quando metabolizado, o metanol se transforma em substâncias tóxicas como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar cegueira irreversível e até a morte.

Os principais sintomas incluem:

Em caso de sintomas, a orientação é procurar imediatamente um serviço de emergência e acionar os canais especializados:

É essencial alertar outras pessoas que tenham consumido a mesma bebida para que também busquem atendimento médico o quanto antes.

Para prevenir intoxicações, o CFQ orienta a observar atentamente o rótulo e a embalagem das bebidas. Entre os principais sinais de possível adulteração estão:

O metanol é uma substância altamente tóxica e seu uso no Brasil é controlado por órgãos como a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Polícia Federal. Empresas que lidam com o produto precisam de autorização, cadastro prévio e rastreabilidade completa das operações.

“A ANP regula e monitora toda a cadeia do metanol, desde a importação até o uso industrial autorizado, como na fabricação de biodiesel e derivados químicos”, destacou Giese. Movimentações fora dessas condições podem configurar crime, segundo o Código Penal.

A Polícia Federal atua em casos de desvio ou uso ilícito da substância, incluindo sua utilização na adulteração de bebidas e combustíveis. Já o CFQ e seus conselhos regionais fiscalizam a atuação de profissionais e empresas que lidam com processos químicos, exigindo a presença de um responsável técnico (RT) habilitado.

Segundo o CFQ, todas as empresas envolvidas na produção de bebidas alcoólicas devem contar com um profissional da área de química legalmente habilitado. Esse responsável técnico garante a conformidade com normas sanitárias e ambientais, assegurando que o produto final seja seguro ao consumo.

“É esse profissional quem responde legalmente pela qualidade dos processos e produtos. Ele assegura que tudo esteja dentro das boas práticas de fabricação e da legislação vigente”, completou o analista.